Hipertensão em mulheres: nova diretriz traz alerta Freepik

Especialistas destacam prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento contínuo

A hipertensão arterial segue como uma das principais causas de doenças cardiovasculares e renais no Brasil, afetando milhões de pessoas em diferentes faixas etárias. Em 2025, a nova Diretriz Brasileira de Hipertensão foi publicada em conjunto pelas Sociedades Brasileiras de Cardiologia, de Hipertensão e de Nefrologia, atualizando recomendações importantes sobre diagnóstico, prevenção e tratamento.

Segundo a Dra. Andrea Pio de Abreu, médica nefrologista da Unidade de Hipertensão Arterial do Hospital das Clínicas da USP e diretora de Relações Institucionais da Sociedade Brasileira de Hipertensão, uma das autoras do documento, o conceito de hipertensão não mudou. “Continua sendo considerado hipertenso o indivíduo com pressão arterial igual ou superior a 140 por 90 mmHg em medidas repetidas. O que houve foi a reintrodução da categoria de pré-hipertensão para valores a partir de 120 por 80 mmHg. Essa classificação permite identificar pessoas que ainda não são hipertensas, mas já apresentam risco aumentado e precisam de acompanhamento”, explica.

O risco da pré-hipertensão

De acordo com a especialista, pessoas com pressão entre 120/80 e 139/89 mmHg têm maior probabilidade de evoluir para hipertensão e desenvolver complicações como infarto, AVC e doença renal crônica. “O objetivo é identificar precocemente esses pacientes e reforçar medidas de prevenção, como alimentação saudável, atividade física regular, controle do peso e acompanhamento médico”, orienta.

O papel do estilo de vida

Entre as principais recomendações estão ao menos 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida leve ou natação, associados a treinos resistidos. A alimentação deve seguir o padrão DASH, uma alimentação equilibrada com foco em frutas, verduras, legumes, laticínios desnatados e grãos integrais, além da redução no consumo de sal, ingestão de quantidades adequadas de potássio, e redução do consumo de ultraprocessados, reforça Dra. Andrea.

Quando começar os medicamentos?

O uso de medicação continua sendo indicado a partir de 14 por 9, mas a diretriz prevê a possibilidade de iniciar o tratamento já acima de 13 por 8 em pacientes de alto risco cardiovascular, como pessoas com diabetes, doença renal crônica ou histórico de infarto e AVC. “É sempre uma decisão individualizada e discutida com o médico”, explica a médica nefrologista e hipertensóloga.

Novas metas de tratamento

Outra mudança importante está na meta de controle: agora, o ideal é manter a pressão abaixo de 13 por 8. “Estudos mostram que esse valor reduz significativamente o risco de eventos cardiovasculares sem aumentar efeitos adversos de forma relevante. Antes, aceitava-se até 14 por 9”, destaca a médica.

Populações específicas: idosos, gestantes e mulheres

Nos idosos, o documento recomenda cautela. Para os mais saudáveis, as metas são iguais às dos adultos. Já nos pacientes frágeis, é fundamental individualizar, sempre priorizando segurança e qualidade de vida.

Na gestação, a hipertensão recebe um capítulo especial. “Ela é uma das principais causas de morbimortalidade materna e perinatal. O tratamento deve manter a pressão entre 120 e 139 por 70 a 89 mmHg, evitando tanto valores elevados quanto reduções exageradas”, detalha a especialista.

Pela primeira vez, a diretriz também traz um capítulo exclusivo sobre a saúde cardiovascular feminina. “As mulheres têm fases da vida em que o risco de pressão alta aumenta, como durante o uso de anticoncepcionais hormonais, na gestação e na menopausa. Por isso, é essencial medir a pressão em todas as etapas da vida e conversar com o médico antes de iniciar anticoncepcionais. Após a menopausa, os cuidados devem ser ainda mais rigorosos”, alerta a Dra. Andrea.

O recado da nova diretriz é claro: o cuidado com a pressão arterial deve começar cedo e se manter em todas as fases da vida, com atenção especial às mulheres em momentos de maior vulnerabilidade. “Medir regularmente, adotar hábitos de vida saudáveis e buscar acompanhamento médico são atitudes simples, mas que salvam vidas”, conclui a especialista.