
Cardiologista Dr. Raphael Boesche Guimarães explica por que as doenças cardiovasculares matam mais mulheres que o câncer de mama no Brasil e destaca a importância da prevenção
Quando se fala em saúde da mulher, especialmente no mês do Outubro Rosa, o foco quase sempre recai sobre o câncer de mama. Apesar da importância do diagnóstico precoce dessa doença, especialistas lembram que existe outro inimigo silencioso que mata muito mais mulheres todos os anos. São as doenças cardiovasculares.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), os problemas cardiovasculares, como infarto e AVC, são responsáveis por aproximadamente 30% das mortes femininas no país. Superando, inclusive o câncer de mama e de colo do útero somados. O cardiologista Dr. Raphael Boesche Guimarães afirma que a cultura associa a saúde do coração aos homens, mas os números revelam que as mulheres também correm grande risco.
Sintomas femininos: sinais diferentes e sutis
“Muitas vezes se pensa que infarto é uma doença masculina, mas isso não é verdade. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres brasileiras. O problema é que os sintomas femininos podem ser diferentes, mais sutis, e acabam sendo subestimados, tanto pela paciente quanto pelo próprio sistema de saúde”, destaca o especialista.
Enquanto os homens geralmente apresentam dor intensa no peito durante um infarto, as mulheres podem ter sintomas mais variados. “Nas mulheres, o infarto pode se manifestar com falta de ar, fadiga, náuseas, dor no estômago ou até dor nas costas. Muitas vezes elas acreditam que é uma indisposição ou ansiedade e não procuram ajuda médica imediata, o que aumenta o risco de complicações graves”, explica Dr. Raphael Boesche Guimarães.
A importância do acompanhamento regular
No Outubro Rosa, além da conscientização sobre o câncer de mama, o cardiologista defende que a campanha também seja vista como um lembrete sobre a saúde do coração. “Cuidar do coração é fundamental para a saúde da mulher. Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física regularmente, controlar pressão, glicemia e colesterol, além de evitar o tabagismo, são medidas que salvam vidas. Outubro Rosa pode ser também um alerta para olhar além da mama e pensar no coração”, reforça o médico.
Apesar dos números alarmantes, muitas mulheres ainda não fazem acompanhamento regular com cardiologista. Isso atrasa o diagnóstico de fatores de risco como hipertensão e diabetes. “Precisamos quebrar o mito de que cuidar do coração é coisa de homem. O cuidado cardiovascular feminino deve começar cedo, especialmente após a menopausa. Nessa fase, o risco aumenta de forma significativa pela queda do estrogênio, hormônio que protege o sistema cardiovascular”, conclui Dr. Raphael Boesche Guimarães.