A segunda-feira é uma tortura!  Foto: Pixabay

Por que nos sentimos tão mal com o início de uma nova semana? Especialistas esclarecem como as alterações no cérebro causam tanta angústia

Você já sentiu um peso no peito quando o despertador toca na segunda-feira de manhã? Ou experimentou uma sensação de ansiedade e melancolia quando percebe que o fim de semana está chegando ao fim? Se a resposta for sim, saiba que você não está sozinho. A aversão à segunda-feira é um fenômeno quase universal que afeta pessoas em todo o mundo. 

Pensando nisso, Mente Afiada resolveu explorar as razões por trás dessa aversão e como enfrentar isso de uma forma mais positiva. Afinal, a segunda-feira não precisa ser o inimigo que muitos de nós fazem dela. Vamos investigar o que está por trás desse sentimentos. E descobrir maneiras de se entusiasmar com o início da semana, em vez de ficar apreensivo.

A ciência explica: o estresse com a segunda-feira é normal

Para começo de conversa, precisamos entender que essa angústia pelo começo de uma semana está muito longe de ser frescura. Ela tem embasamento científico que sustenta esse impacto no comportamento. “O fato de estar no fim de semana promove, no cérebro, uma onda de liberação de substâncias relacionadas ao bem estar, como serotonina e dopamina. Já a segunda-feira simboliza o início das atividades laborais, o que acaba diminuindo essa liberação e elevando outras, como noradrenalina e cortisol, promovendo aumento da frequência cardíaca, da respiração, do suor e do estado de alerta”, esclarece o psiquiatra Bruno Pascale. 

De acordo com o especialista, essa relação de repulsa acontece pelo simbolismo que a segunda-feira representa, indicando, na maioria das vezes, a data de início das atividades de trabalho. “Começar a pensar no trabalho faz a pessoa lembrar de situações de conflitos no ambiente profissional, pressão, exigência com colegas e chefes. Esse desconforto pode chegar a causar sintomas físicos, como aumento da frequência cardíaca, respiração, sudorese, insônia, fadiga, fraqueza e tristeza”, pontua Pascale, que alerta: “A longo prazo, isso promove a síndrome do esgotamento profissional, também chamada de burnout.”

O burnout e as rotinas reais 

A síndrome de burnout é uma condição grave que afeta cerca de 32% dos profissionais no Brasil, podendo eventualmente progredir para uma forma grave de depressão. 

Para entender essa exaustão, é preciso falar de rotinas reais! Muitas vezes, apenas adotar maneiras de melhorar a qualidade do trabalho e conseguir aproveitar o final de semana não são o suficiente para aliviar o esgotamento mental e cansaço. Afinal, as causas da angústia podem estar relacionadas a demandas excessivas de trabalho, pressão dos chefes ou até mesmo objetivos humanamente difíceis de serem alcançados. “O burnout promove o adoecimento dos profissionais, agravando também a perda de produtividade e aumentando o afastamento do trabalho, assim como de alunos de escolas e universidades”, destaca Pascale.

Atenção ao sono! 

A psicóloga Larissa Fonseca, especialista clínica em Ansiedade, Crise de Pânico, Burnout e Sono, afirma que “estar infeliz no trabalho e sentir-se obrigada, apenas financeiramente e sem um sentido para fazer aquilo, leva à uma possível aversão à segunda-feira”, mas ela também cita outros fatores que podem contribuir com isso, como o sono desregulado durante os dias de folga. “Nosso corpo não entende que é final de semana e, portanto, modificar a hora de dormir e de acordar provoca um efeito negativo em nosso organismo. O sono adequado é essencial para recuperação física e mental, além de impactar o humor, a capacidade de concentração, memória e irritabilidade.”

“Não se engane pensando que dormir mais vai recuperar o sono perdido, esse é um débito que não será quitado. O sono de qualidade e quantidade adequada são fundamentais para manter a saúde mental, física e promover um início de semana mais tranquilo e positivo”, orienta Larissa.

A rotina é uma boa companheira

A psicóloga também aponta que prever uma semana turbulenta, imaginar-se fracassando, falhando ou sendo repreendido, também é gatilho para sensações angustiantes no domingo. “Crenças e pensamentos sobre a tristeza de ter que iniciar a semana também podem contribuir para aumentar essa aversão.”

Por fim, Larissa reforça a importância de manter uma rotina mesmo aos finais de semana, com horários determinados para dormir. “O objetivo deve ser não cometer excessos, seja alimentar, com álcool ou até de muitas atividades a serem realizadas. Isso estressa o organismo, libera mais cortisol que o necessário e, portanto, desequilibra a semana. A rotina, por mais que para alguns pareça monótona, é o que traz equilíbrio para o dia a dia”, finaliza a profissional.