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Professor Alexandre Rocha explica por que o fortalecimento muscular é decisivo para evitar perda de massa magra e reganho de peso durante o uso das canetas.
As canetas emagrecedoras, amplamente utilizadas no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, têm mostrado resultados expressivos na redução do peso corporal. No entanto, especialistas alertam que parte significativa desse peso perdido pode ser composta por massa muscular e que o treinamento de força é fundamental para evitar prejuízos metabólicos.
Segundo o professor Alexandre Rocha, especialista em fisiologia do exercício, ainda existe uma visão equivocada sobre emagrecimento rápido. “É fundamental entender que o emagrecimento saudável não se resume ao número na balança. A perda de peso sem preservação da massa muscular pode comprometer de forma importante a força, o metabolismo basal e aumenta o risco de reganho de gordura no futuro”, afirma.
Medicamentos reduzem o apetite, mas também podem diminuir massa magra
As canetas emagrecedoras, que atuam reduzindo o apetite e retardando o esvaziamento gástrico, levam naturalmente a uma menor ingestão calórica. Estudos mostram que esses medicamentos podem promover reduções superiores a 15% do peso corporal em pouco mais de um ano de tratamento.
Porém, análises recentes de composição corporal indicam que entre 25% e 40% da perda total de peso pode corresponder à massa muscular. Esse fenômeno preocupa especialistas por reduzir o gasto energético basal, facilitando o reganho de gordura após a interrupção do tratamento.
“Quando o corpo perde músculo, ele gasta menos energia para se manter. Isso significa que, mesmo comendo pouco, o metabolismo fica mais lento e o risco de recuperar gordura aumenta”, explica Rocha. “Por isso, o treino de força deve ser encarado como parte obrigatória do tratamento, e não como uma opção secundária.”
Treinamento resistido reduz o impacto metabólico do emagrecimento rápido
Pesquisas apontam que o treinamento de força é a intervenção mais eficaz para preservar e até aumentar a massa magra durante processos de emagrecimento, especialmente quando o uso das canetas acelera a perda de peso.
“O treino de força estimula a síntese proteica muscular, melhora a sensibilidade à insulina e ajuda a manter o gasto energético diário. É o melhor antídoto contra o catabolismo induzido pela perda rápida de peso”, destaca o professor.
Entre os benefícios adicionais, o exercício resistido também melhora a densidade óssea, o equilíbrio e a funcionalidade, pontos importantes para pessoas com histórico de sedentarismo ou excesso de peso.
Rocha recomenda de 2 a 4 sessões semanais, priorizando exercícios multiarticulares como agachamentos, remadas, supinos e elevações de quadril. A progressão de carga gradual é essencial para garantir adaptação e manutenção da massa muscular.
Preservar músculo é decisivo para evitar o efeito sanfona
A perda muscular está diretamente ligada ao aumento do risco de reganho de peso após o fim do tratamento. Como o apetite tende a voltar ao normal após a suspensão das canetas emagrecedoras, um metabolismo mais lento favorece o acúmulo de gordura.
“O músculo é um tecido metabolicamente ativo. Ele consome energia o tempo todo, mesmo em repouso”, explica Rocha. “Quanto mais massa muscular o indivíduo mantém, maior é seu gasto calórico basal. Isso ajuda a sustentar o peso conquistado e dificulta o reganho de gordura.”
A associação entre treino de força e ingestão adequada de proteínas é considerada um dos pilares para manter a saúde metabólica após o emagrecimento.
Em resumo…
Especialistas reforçam que as canetas emagrecedoras são ferramentas valiosas para o tratamento da obesidade. Porém, sem treinamento de força regular, seus resultados podem ser parciais e temporários. “Esses medicamentos ajudam o corpo a perder peso, mas é o exercício que ensina o corpo a manter o resultado. O treino de força é essencial, ele conecta saúde, desempenho e estética dentro do mesmo plano de tratamento.”