“Vai criar um namoro feliz, quem estiver feliz”, diz psiquiatra sobre a importância de cultivar o amor-próprio dentro das relações amorosas
Amor-próprio é tudo! Construir uma relação sólida vai muito além de encontrar alguém com quem você ‘se dê bem’, pois para dar certo também é preciso estar em paz consigo mesma. Afinal, alguém que saiba reconhecer e admitir suas falhas e, mais do que isso, defender seu próprio valor, é quem vai ter segurança o suficiente para se relacionar de forma saudável com o outro.
É isso o que explica Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra com foco em relacionamentos e autor de mais de 30 livros. “Nós dizemos, em terapia, que casamento dá certo para quem não precisa de casamento. Namoro dá certo para quem não precisa de namoro. É muito importante que a pessoa entenda que vai criar um namoro feliz, quem estiver feliz”, discorre.
Um amor saudável
Para cultivar o amor próprio, é preciso, primeiro, entender a importância da individualidade e de respeitar as dores particulares de cada um. O especialista reforça que tudo o que acontece nas relações amorosas é apenas o reflexo do que está se passando com cada um dos parceiros internamente. “Se a pessoa estiver depressiva ela vai levar essa depressão para esse relacionamento, se estiver ansiosa, vai levar a ansiedade. Por isso cultivar o amor-próprio é fundamental”, descreve.
Além de praticar o autocuidado, é preciso também derrubar falsas expectativas. Devemos nos lembrar que, para um relacionamento ser duradouro, tem que ter dedicação de ambos os lados, até porque nada vai ser mil maravilhas desde o começo. “As pessoas sempre esperam por um namoro que seja como um ‘hotel cinco estrelas’, e na verdade esse namoro começa quase como uma pousada. As duas pessoas vão construindo e vão se tornando um hotel de duas, três, quatro estrelas, até virar uma relação sólida. Então é importantíssimo que os dois queiram construir isso juntos.”
Dependência emocional
Uma das maiores dificuldades que as pessoas têm em se amar é, justamente, o fato de não se sentirem amados(as) pelo outro. Isso tem a ver com diversas inseguranças que foram construídas ao longo da vida, e que acabam tomando as rédeas da relação. “Isso vale especialmente para as mulheres, que na infância ainda são educadas para fazer o homem feliz, e na expectativa de que se isso acontecer, esse homem também vai fazê-la feliz”, diz Shinyashiki.
Segundo ele, a consequência disso é uma condição em que a mulher se vê à mercê desse parceiro, deixando de lado todas as suas vontades para satisfazer o outro. “Quando ela percebe, vê que se tornou uma pessoa dependente e, portanto, manipulável por esse homem, principalmente se for um narcisista, aquele que aprendeu a manipular as pessoas ao seu redor.”
“A pessoa que está se sentindo solitária vai procurar no outro a sensação de ser amada, para que assim ela procure retribuir e passar a sensação de que a outra pessoa também é amada. Mas ninguém pode fazer a outra pessoa se sentir amada a não ser ela mesma.”
Aqui vão algumas dicas
O médico compartilhou algumas dicas básicas de como manter a individualidade mesmo dentro das relações, e continuar regando o amor-próprio e autocuidado.
- Ter amigas;
- Ter uma vida própria;
- Ser autônoma financeiramente;
- Saber dizer não quando não quer fazer algo;
- Saber dizer sim quando quer fazer algo;
- Procurar criar momentos entre os dois junto de outros amigos.
“É importante desenvolver uma mentalidade de: ‘eu vou ser feliz, independentemente de estar com alguém’. E quando estiver com alguém, não abandone a sua vida, sua autonomia, independência e amizades, porque a pessoa começa a perder o amor próprio quando ela começa a abandonar a própria vida.”
Cuidado com o ciúme
O ciúme é outro grande inimigo do amor-próprio. O sentimento de insegurança em relação ao outro pode afetar negativamente a forma com que o casal vai resolver os conflitos, e é preciso tomar cuidado com esse tipo de comportamento. Isso vale tanto para quem sente o ciúme, como para quem lida com alguém ciumento. “Não caia na tentação de se abandonar para fazer o outro feliz, principalmente quando o parceiro é ciumento. Precisa ter conversa sobre ciúmes, tem que ter um jeito para ajudar o outro a se sentir seguro, mas sem abandonar sua vida, sua beleza, sua roupa, seu jeito de ser. Até porque, foi essa pessoa por quem o outro se apaixonou”, finaliza Shinyashiki.