Já é fim de ano e não cumpriu todas as metas? Nada está perdido! Foto: Pixabay

É completamente normal chegar no fim do ano com a sensação de que ‘faltou fazer alguma coisa’ (ou várias coisas). Se você se sente assim, primeiro, saiba que não está sozinho, e segundo, é preciso entender que você fez o que pôde e ficar se culpando não vai adiantar de nada. É hora de reavaliar os últimos meses, se livrar das comparações e reconhecer os próprios passos dados – mesmo que tenham sido pequenos.

A culpa tem efeitos

Ivania Konno, terapeuta especialista em relacionamento e comportamento, explica que o impacto por não conseguir cumprir as metas impostas para o ano pode ser bastante profundo. “A sensação de inadequação e o peso da autocobrança frequentemente conduzem a sentimentos de fracasso, inferioridade e vazio”. As consequências desse vazio, segundo a profissional, podem se refletir em uma série de comportamentos autodestrutivos, como excessos em comida, bebida, compras e até dívidas. “A busca por preenchimento, diante dessa autocrítica, pode se transformar em um ciclo vicioso e prejudicial”, acrescenta Ivania.

É preciso se autoquestionar

Ivania comenta que grande parte dessa culpa surge devido à sensação de inadequação, que vem do julgamento e do peso da autocobrança. E essas imposições vêm de um desejo de pertencer a um padrão que, na verdade, não existe. “O julgamento cria uma dualidade entre o certo e o errado, que nos força a tentar seguir padrões de comportamento muitas vezes irrealistas. Afinal, quem disse que é preciso ir à academia todos os dias, evitar pão e macarrão, ou ser vegano? Quem definiu o que é ser uma ‘boa pessoa’?”, questiona a profissional.

Um primeiro passo para aliviar essa culpa, então, é parar de querer caber em caixas inadequadas. “Cada pessoa é única no universo, e não há uma regra universal sobre o que cada um deve fazer ou evitar. O autoconhecimento é fundamental aqui: entender quais alimentos nos fazem bem, quais exercícios nos beneficiam e quais pessoas nos nutrem é um caminho de autoaceitação, que difere muito da autocrítica.” 

E o que é sucesso, afinal?

Sucesso não necessariamente é consequência da realização de grandes metas, e pode significar algo tão simples quanto abrir os olhos e ter mais um dia para viver, como comenta Ivania. “Esse conceito não deve ser uma ‘receita de bolo’; cada pessoa possui uma visão única sobre o que é sucesso, porque somos únicos no universo. Associamos erroneamente o sucesso à perfeição, e essa busca por agradar a todos só gera frustração.”

Além disso, ela ressalta que é importante tentar mudar a percepção do que é ‘fracasso’. “Ao revisar nossas metas, devemos evitar a punição e a crítica; em vez disso, busquemos entender o que não funcionou e o que poderíamos fazer diferente. O poder está em nossa capacidade de aprender e evoluir, e essa responsabilidade é pessoal”, indica a terapeuta.

Para ilustrar melhor esse processo, a especialista cita uma frase da escritora e palestrante norte-americana Louise Hay, que diz: “Você fez o melhor que podia com a consciência que possuía naquele momento.”

Hora das dicas para esse fim de ano

Por fim, Ivania compartilha algumas dicas de como não deixar essa culpa te consumir e acabar ‘estragando’ a magia do fim de ano, que deve ser um momento de renovar as esperanças, e não de se martirizar. “Um passo fundamental para isso é abandonar o ‘chicotinho da autocrítica’ e, em vez disso, reconhecer e valorizar as conquistas”, comenta. Na prática, a terapeuta indica uma técnica poderosa – o exercício do espelho – que consiste em se olhar nos olhos e reconhecer os pequenos passos dados. Diga em voz alta: “Parabéns, hoje você caminhou 15 minutos!”

“A crítica excessiva cria barreiras; em vez de pensar que só caminhou 15 minutos e que ‘deveria ter feito mais’, comece a valorizar esses pequenos avanços. Pare de se comparar, pois você é um ser único no universo! Cada passo dado é uma vitória e merece ser reconhecido”, finaliza Ivania.