Entenda quais são os caminhos para fugir do desconforto causado por essa e outras perguntas do tipo nas reuniões de fim de ano
Ao mesmo tempo em que muita gente ama celebrar com a família, não podemos ignorar que as festas de fim de ano podem ser um verdadeiro pesadelo com as perguntas indelicadas para algumas pessoas. Ficamos ansiosos para comemorar os novos dias chegando e, claro, aproveitar o banquete típico dessa época, mas nem tudo são flores. Algo que também é bastante conhecido nestas reuniões familiares são aquelas conversas desagradáveis que sempre surgem – que podem ir desde uma piada de mau gosto, perguntas indiscretas, até discussões políticas.
Pode não parecer, mas as perguntas indelicadas machucam
Perguntas como ‘Quando você vai casar?’, ‘E os filhos, para quando?’ ou mesmo ‘Engordou, hein?’ são frequentes durante esses eventos, além de questões sobre escolhas profissionais e até opiniões políticas. Esses comentários, embora possam parecer inofensivos, tocam em áreas sensíveis para muitas pessoas e, mesmo que ditos sem intenção de ferir, acabam criando um clima de desconforto. É o que afirma e explica melhor Cristiane Vaz de Moraes Pertusi, doutora em psicologia e desenvolvimento humano (USP), mestre em psicologia clínica (PUCRS), psicóloga, psicoterapeuta, pesquisadora e docente de graduação e pós-graduação em psicologia há mais de 28 anos.
O que fazer na hora?
A reação ideal para esse tipo de comentário negativo ou pergunta desconfortável vai depender do contexto e da sua relação com a pessoa com quem está interagindo, explica Cristiane. “Se for algo leve, muitas vezes, um sorriso ou uma resposta neutra já basta para desviar o assunto. Porém, se o comentário realmente te incomoda, é válido responder de forma assertiva e calma. Demonstre que aquele tema é delicado para você, mas faça isso sem perder o equilíbrio emocional. Lembre-se de que o silêncio também é uma resposta poderosa em algumas situações”, orienta a profissional.
E, sim, a psicóloga afirma que existem várias maneiras de redirecionar a conversa sem criar, necessariamente, uma tensão maior. “Quando alguém faz um comentário incômodo, você pode, por exemplo, agradecer pela opinião e, em seguida, mudar de assunto de forma amigável, perguntando algo sobre a outra pessoa, como ‘E você, o que tem feito de bom?’ ou ‘Quais são seus planos para o próximo ano?’”, indica. Isso, segundo Cristiane, demonstra que você está presente e aberto, mas desvia o foco da conversa de maneira respeitosa.
Não precisa se diminuir para manter a paz
Porém, a psicóloga enfatiza um ponto importante sobre isso: “Manter a harmonia não significa que você precisa deixar de ser quem é”. Ou seja, é possível, sim, continuar seguindo suas próprias crenças e valores sem entrar em embates desnecessários. “Quando percebemos que as pessoas têm visões diferentes, podemos aprender a ouvi-las sem necessariamente concordar. Aceitar que nem sempre precisamos convencer os outros de nossas opiniões nos ajuda a manter a paz e o respeito”, aponta Cristiane.
De qualquer forma, a profissional reforça que estabelecer limites saudáveis é essencial para o autocuidado. “Se há temas específicos que você sabe que vão gerar desconforto, é importante comunicar isso de maneira respeitosa. Dizer, por exemplo, ‘Prefiro não falar sobre esse assunto agora’ ou ‘Esse é um tema que me causa desconforto’ ajuda a sinalizar seus limites sem ferir o outro”, orienta.
“O respeito por esses limites parte de você e, assim, incentiva os outros a respeitá-los também.”
Tem quem prefira já ir preparado para as perguntas indelicadas
Em uma sociedade de ansiosos e que gosta de prever tudo com antecedência, uma das dúvidas é se é possível se preparar emocionalmente para enfrentar críticas ou comentários desagradáveis dos familiares nas festas de fim de ano. Segundo a psicóloga, a melhor preparação é realizar uma reflexão interna antes do encontro acontecer. “É importante reconhecer suas vulnerabilidades e os pontos que podem causar desconforto. Quando estamos conscientes do que nos incomoda, conseguimos lidar melhor com as situações e evitamos reações impulsivas. Entrar na reunião familiar com essa preparação emocional nos ajuda a manter o controle sobre nossas respostas e emoções.”
É preciso saber a hora de sair
Mas também é preciso saber a hora de se afastar em situações de muito estresse emocional, em nome da sua própria paz. “Quando perceber que a conversa está se tornando desgastante, ou que você está começando a se sentir irritado ou desconfortável, essa é a hora de se dar um tempo”, afirma a psicóloga. Ela indica que você faça uma pausa para respirar, tomar um pouco de ar fresco ou buscar um momento de silêncio. Tudo isso pode ajudar a manter o equilíbrio emocional e evitar que situações ainda mais tensas surjam.