Psicóloga recomenda que parceiros recorram ao diálogo e estejam dispostos a expandir o próprio olhar
Há uma fórmula de sucesso para um romance? É possível que duas pessoas se apaixonem mesmo sendo de classes sociais diferentes? Imagine o seu caso: você se sentiria preparada para assumir um relacionamento com uma pessoa que ganha muito menos que você ou, então, que tenha um salário muito superior?
Qual o melhor parceiro para um romance duradouro?
Nos países ocidentais, os especialistas em sociologia identificam a chamada endogamia de classes, ou seja, os indivíduos tendem a buscar parceiros dentro do círculo social ao qual pertencem, embora essa tendência não seja debatida abertamente. Por isso, quando um casal quebra a regra da endogamia de classes, pode ser alvo de preconceitos. “Na psicologia social, o preconceito é entendido como uma atitude irracional, ou seja, é baseado na crença de que determinada pessoa apresenta características negativas. O indivíduo age de forma preconceituosa, pois acredita que essas características negativas ferem ou ameaçam a identidade cultural do seu grupo”, explica a psicóloga Ana Clara Cava.
Ela esclarece que o preconceito contra casais de situações econômicas distintas trava a prática da diversidade na sociedade. “A diversidade é essencial, porque amplia o nosso olhar para saberes, culturas, tradições, histórias e memórias diferentes”, destaca. “Assim, descartar a diversidade é assumir o risco de viver num meio social em que a intolerância e o desrespeito a tudo o que foge de padrões estabelecidos prevaleçam”.
Como resolver os atritos
Isso significa que, descontando as pressões sociais, casais originários de classes sociais desiguais estão destinados a viver um conto de fadas, desde que se amem? Não é bem assim. “Na convivência conjugal, as condutas de ambos serão escancaradas, podendo sensibilizar um parceiro ou outro, dependendo da situação”, frisa a psicóloga. Imagine o exemplo: o cônjuge da classe mais abastada pode achar natural gastar um salário mínimo com programas de lazer num final de semana. Mas isso pode parecer imprudente para o parceiro habituado a controlar as finanças com mais rigor.
“A situação envolvendo dinheiro é a primeira em que as pessoas pensam quando se fala de casais de classes diferentes, mas existem outros contextos, outros sistemas de valores”, destaca Ana Clara Cava. “O importante para o casal é a disposição para se abrir a valores diferentes daqueles recebidos em casa. Porque um casamento saudável é exatamente isso: uma construção de novas crenças, de novos olhares, uma soma de perspectivas, de valores, um aprendizado mútuo contínuo.” E quanto às cobranças de familiares e amigos em relação à união? Para a psicóloga, o diálogo é a arma mais poderosa para diminuir as distâncias e selar as conexões. “Conversar não somente com o parceiro, mas também em família e no grupo de amigos, vai mostrar que as origens de cada um não são um obstáculo para a harmonia conjugal nem para a consolidação de novas relações familiares e sociais”, conclui.
A empresária e o jardineiro
“O enigma da casa de bonecas”, e-book recém-lançado pela editora AstralBooks, é um romance que aborda o relacionamento entre duas pessoas de classes sociais diferentes: a empresária Emily e o jardineiro Juan, funcionário da fazenda da família dela. Os dois se aproximam quando Emily regressa à fazenda onde passou a infância para investigar as circunstâncias da morte repentina da sua irmã caçula, Evelyn. Lá, a empresária descobre que Juan e Evelyn se tornaram amigos no pouco tempo em que conviveram e que o jardineiro está disposto a ajudá-la a elucidar a partida prematura de Evelyn.
O e-book, de autoria de Fernanda Villas Bôas, está disponível na Amazon e demais livrarias on-line.