Fascite plantar pode ser tratada com toxina botulínica A fascite plantar é comum em atletas, em pacientes mais idosos e também em mulheres que usam salto alto com frequência

Aplicação é uma das estratégias para tratar a condição, que ocorre devido à inflamação da fáscia plantar

Aumento repentino de intensidade ou distância em treinos de impacto, obesidade, uso de calçados inadequados, pés chatos ou com o arco alto, trabalhar muito tempo em pé, tensão contínua nos músculos da panturrilha, artrite, gravidez e estresse, tudo isso pode estar relacionado com um problema que causa dor na sola do pé e dificuldade para andar: a fascite plantar.

A fascite plantar é bastante comum

“A fáscia é uma membrana do tecido conjuntivo que reveste o músculo, mas quando há uma exigência alta dela, pode ser que ocorram danos. Isso provoca uma inflamação da fáscia, que nessa região é chamada de fascite plantar, uma causa comum de dor no pé”, explica o ortopedista Dr. Fernando Jorge (@dr.fernandojorge), especialista em Intervenção em Dor (Hospital Albert Einstein) e em Medicina Intervencionista em Dor (Faculdade de Medicina da USP – Ribeirão Preto).

A fascite plantar é comum em atletas, em pacientes mais idosos e também em mulheres que usam salto alto com frequência. “Enquanto o uso de salto altera a biomecânica da marcha e sobrecarrega a região anterior do pé, principalmente a cabeça dos ossos metatarsos e do arco plantar, o que pode resultar em microtraumas repetitivos. E, eventualmente, inflamação, dor forte e limitação funcional, a questão relativa ao idoso é a alteração estrutural decorrente do processo de envelhecimento. Em atletas, a dor pode surgir por vários motivos, desde a sobrecarga e estresse repetitivo na região, até calçados inadequados”, completa.

Além disso, para mulheres, embora o salto alto não seja a única causa, ele é um fator de risco importante. Especialmente quando combinado com pé plano (chato) ou hipertonia da musculatura da panturrilha.

Pode se complicar

De acordo com o médico, se a inflamação se tornar crônica, a fáscia plantar pode começar a ficar mais grossa, devido ao acúmulo de tecido cicatricial. Para impedir isso, é necessário buscar orientação médica e, hoje, há uma gama terapêutica muito grande, segundo o especialista. “Uma das técnicas é o uso da toxina botulínica, que é encarada como uma alternativa terapêutica promissora no tratamento de fascite plantar, especialmente em casos resistentes às abordagens convencionais. A toxina botulínica atua promovendo o relaxamento muscular e reduzindo a tensão sobre a fáscia plantar. A toxina é aplicada por infiltração (injeção) diretamente na musculatura da panturrilha, principalmente no músculo gastrocnêmio (mais frequentemente) ou no músculo sóleo, para aliviar a tensão no tendão de Aquiles, reduzindo a sobrecarga da fáscia plantar. A aplicação é guiada por ultrassonografia, garantindo assim segurança ao procedimento”, diz o médico.

Além de indicado para casos crônicos, a toxina também tem função preventiva em pessoas com risco aumentado, como aquelas com encurtamento muscular significativo.

A aplicação pode ser repetida a cada três a seis meses, dependendo da resposta ao tratamento e da evolução dos sintomas. “Vale destacar que a toxina botulínica é uma opção segura e eficaz, principalmente para pacientes que não responderam bem a tratamentos convencionais. Ele pode oferecer uma alternativa menos invasiva antes de se considerar a cirurgia”, diz o médico.

Outras formas de tratamento para a fascite plantar

De acordo com o Dr. Fernando Jorge, essa é apenas uma das técnicas. Mas o tratamento multimodal ainda pode incluir fisioterapia específica para alongamento da fáscia plantar e fortalecimento muscular. Além de órteses para suporte do arco plantar, analgésicos e anti-inflamatórios quando necessário, terapia por ondas de choque (técnica que estimula a regeneração tecidual). Também pode ser usado laser de alta intensidade (terapia por fotobiomodulação) e procedimentos ortobiólogicos (substâncias biológicas derivadas do próprio corpo do paciente, usadas para tratar lesões ortopédicas). “Apesar dos inúmeros tratamentos, o mais importante é sempre adotar uma abordagem preventiva, alternando o uso de salto alto com calçados mais confortáveis. Assim fortalecendo a musculatura dos pés e alongando regularmente a região da panturrilha. Com esses cuidados, garantimos que os pés estejam preparados para sustentar o peso do corpo em cada passo”, finaliza o Dr. Fernando Jorge.