Poliana, de Vale Tudo, reacende debate sobre assexualidade Reprodução Globo

‘Não é doença, nem frescura’, afirma especialista

Na novela Vale Tudo, Poliana surpreendeu o público ao revelar que não sente atração sexual e não gosta de beijos, carícias ou relações íntimas. A confissão causou espanto em muitos telespectadores, mas trouxe à tona um tema ainda pouco falado: a assexualidade.

Para entender melhor esse universo, conversamos com a médica pós-graduada em sexologia Thaina Mariz, que esclareceu os principais pontos dessa orientação sexual que, embora invisibilizada, é mais comum do que se imagina.

O que é, afinal, a assexualidade?

De acordo com a Dra. Thaina, a assexualidade é uma orientação sexual em que a pessoa sente pouca ou nenhuma atração sexual, independentemente do gênero. “Isso não significa que o indivíduo não possa se apaixonar, ter relacionamentos ou sentir afeto. O personagem Poliana, por exemplo, deixou claro que não gosta de intimidades físicas, mas isso não necessariamente impede que ele desenvolva um vínculo amoroso com alguém”, explica.

Quem é assexual nunca faz sexo?

“Esse é um dos maiores mitos”, garante a especialista. “Muitos assexuais mantêm relações sexuais para fortalecer o vínculo com a pessoa parceira, mesmo que o ato em si não seja importante para eles. Outros podem se masturbar ou ter curiosidade sobre o sexo em determinadas situações.”

A assexualidade tem variações?

Sim. A médica explica que existem diferentes formas de vivenciar a assexualidade, sendo inclusive heterorromânticos, homorromânticos ou birromânticos. Veja algumas delas:

Demissexuais: só sentem atração sexual após desenvolver um forte vínculo emocional.

Greyssexuais: experimentam desejo sexual de forma muito rara ou apenas em contextos específicos.

Assexuais românticos: sentem atração romântica sem necessariamente ter desejo sexual.

Arromânticos: não sentem atração romântica por ninguém.

É uma doença? Tem cura?

“De jeito nenhum”, afirma Thaina. “A assexualidade não é uma patologia, nem trauma, nem desvio. Também não deve ser confundida com celibato, que é uma escolha consciente de não fazer sexo mesmo tendo desejo.”

Como lidar com esse tipo de orientação, seja vivendo ou convivendo com ela?

“É essencial ter empatia e informação. A pessoa que está se descobrindo assexual deve saber que não há nada de errado com ela. Já quem convive com alguém assexual precisa entender que o afeto e o companheirismo continuam existindo, mesmo sem o componente sexual.”