Fibromialgia afeta saúde reprodutiva e bem-estar da mulher Canva

Vamberto Maia Filho, ginecologista e especialista em reprodução humana, alerta para sintomas e fala de diagnóstico multidisciplinar e tratamento personalizado 

No último dia 2, o Senado aprovou o Projeto de Lei nº 3.010/2019. Ele equipara pessoas com fibromialgia, assim como aquelas com síndrome da fadiga crônica e síndrome complexa de dor regional, às pessoas com deficiência (PCD). Isso garante acesso a direitos como cotas em concursos e isenção de IPI. Estima-se que cerca de 6 a 7 milhões de brasileiros convivam com a fibromialgia, sendo a maioria mulheres entre 30 e 60 anos. Essa decisão reforça o quanto tais doenças crônicas afetam a vida do cidadão, e no caso das mulheres, os danos se entendem até para a saúde ginecológica.

O Dr. Vamberto Maia Filho, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, explica que a doença é mais prevalente em mulheres entre 30 e 60 anos e não possui uma causa definida. “O diagnóstico é feito aos poucos e por exclusão, já que não existe um marcador laboratorial específico”, explica o médico.

Fibromialgia vs Saúde íntima

Na prática clínica, os efeitos da fibromialgia podem se manifestar de forma bastante significativa no contexto ginecológico. Entre os sintomas mais comuns, estão: dores pélvicas persistentes, desconforto durante a relação sexual (dispareunia), alterações no ciclo menstrual e aumento da sensibilidade em regiões íntimas.

Segundo o Dr. Vamberto, a fibromialgia potencializa dores que já são comuns na vida da mulher, como aquelas relacionadas ao ciclo menstrual ou às relações sexuais. “Esse aumento da sensibilidade à dor faz com que algumas dores naturais fiquem exacerbadas. O que pode gerar muito desconforto e até confusão com diagnósticos como a endometriose”, alerta.

O emocional importa

Além do impacto físico, o componente emocional não pode ser ignorado. “Ninguém gosta de conviver com dor, e isso afeta diretamente o psicológico da paciente”, pontua o ginecologista. Ele lembra que estruturas cerebrais ligadas às emoções, como o sistema límbico, regulam o ciclo hormonal da mulher. Assim, o sofrimento emocional causado pela dor crônica pode desencadear alterações no ciclo menstrual e na liberação hormonal.

Esse ciclo de dor, impacto psicológico e desregulação hormonal cria um cenário que afeta significativamente a qualidade de vida da mulher. “A fibromialgia tem um impacto direto na saúde ginecológica. O maior deles é a dor constante, que tira o conforto e interfere em momentos íntimos, sociais e profissionais”, resume o especialista.

“Profissionais de diferentes áreas devem tratar a fibromialgia de forma multidisciplinar, respeitando a individualidade de cada mulher. “É importante combinar medicação para dor crônica, fisioterapia pélvica, psicoterapia, atividade física leve e, em alguns casos, terapia hormonal. Cuidar do corpo e da mente é essencial para reduzir o impacto dos sintomas”, afirma. “As pessoas podem associar práticas como meditação, acupuntura e técnicas de relaxamento ao tratamento, o que ajuda a melhorar o bem-estar e a qualidade de vida.

“Embora a doença não tenha cura, o diagnóstico precoce e a abordagem integrada são fundamentais para o controle dos sintomas e para que a paciente retome sua rotina com mais conforto”, finaliza.