
Segundo especialista, o medicamento Olire deve beneficiar pacientes com obesidade sem recursos para canetas mais caras
Uma nova versão do medicamento liraglutida está chegando ao Brasil. Trata-se da Olire, lançada pela farmacêutica SEM. O diferencial é o preço reduzido desse medicamento, uma vez que houve queda da patente, permitindo, assim, a prática de valores mais competitivos. Indicada para pessoas com sobrepeso associado a comorbidades ou obesidade, a Olire é uma caneta emagrecedora. Deve, portanto, ser aplicada por via subcutânea, geralmente uma vez ao dia. Esse medicamento também está liberado para jovens a partir de 12 anos para tratamento da obesidade e de doenças associadas, como dislipidemia (colesterol alto).
A liraglutida é um análogo do GLP-1, hormônio que auxilia no controle do apetite e na regulação da glicose. No Brasil, está aprovada pela Anvisa tanto para o tratamento do diabetes tipo 2 quanto para o manejo da obesidade.
“Com a queda da patente e o valor mais acessível, será possível atingir uma parcela da população que antes não tinha acesso por conta do custo. Isso é muito importante, porque, ao intervir na questão hormonal, conseguimos tratar a obesidade de forma mais eficaz”, afirma o médico Renato de Araujo Pereira. Ele é especialista em tratamentos de obesidade e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
Outras canetas: Ozempic e Wegovy
No mercado, há outras opções de canetas emagrecedoras, como Ozempic e Wegovy, ambas à base de semaglutida. Os dois medicamentos oferecem posologia semanal, menor taxa de efeitos gastrointestinais e podem resultar em 10% a 15% de perda de peso. Já o Mounjaro, à base de tirzepatida, combina ação sobre dois hormônios (GLP-1 e GIP), potencializando a perda de peso para 15% a 20%.
Estudos indicam que a liraglutida (Olire), embora exija aplicação diária e possa causar efeitos como náuseas e constipação, é uma alternativa eficaz e agora mais competitiva, com potencial de redução de 5% a 8% do peso corporal. Todos estão aprovados pela Anvisa para tratamento da obesidade, com algumas particularidades. O Wegovy é exclusivo para emagrecimento, enquanto Ozempic e Mounjaro têm indicação principal para diabetes e uso off-label (fora da indicação descrita na bula) para obesidade, sob supervisão médica.
75 milhões de brasileiros
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 75 milhões de brasileiros têm sobrepeso ou obesidade. Desse montante, 5,7 milhões são crianças entre 5 e 9 anos. “A obesidade é uma preocupação crescente e reforça a urgência de políticas públicas e educativas que incentivem a reeducação alimentar e a prática de atividade física como base do combate à doença. Há consenso de que hábitos saudáveis e alimentação equilibrada são fundamentais para o sucesso do tratamento”, explica o médico Renato de Araujo Pereira.
Ele reforça que o tratamento para a obesidade com canetas emagrecedoras deve ter acompanhamento médico. “Sem orientação adequada, existe o risco de reganho de peso. Por isso, a reeducação alimentar e o apoio de uma equipe multidisciplinar são essenciais para garantir a manutenção dos resultados”, conclui o especialista.
Edição: Fernanda Villas Bôas