
Segundo especialista, queda de cabelo, insônia e fraqueza são alguns dos relatos de quem usa as canetas sem orientação médica
Nos últimos tempos, nomes como Ozempic, Zepbound, Wegovy e Mounjaro ganharam espaço nas redes sociais e nas conversas do dia a dia. A perda de peso rápida por meio das canetas emagrecedoras vem reunindo cada vez mais interessados. Porém, por trás das promessas de resultados imediatos, há uma questão essencial: o uso dessas medicações não pode dispensar a orientação profissional.
De acordo com o médico Lucas Luquetti, especializado em nutrologia e medicina do esporte, antes de qualquer decisão sobre o uso desses medicamentos, é preciso compreender que Ozempic ou Mounjaro são marcas comerciais. Ele reforça a importância de conhecer os ativos principais das canetas: a semaglutida e a tirzepatida.
Como as canetas agem
“A tirzepatida foi criada para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2, assim como a semaglutida. A diferença é que uma trabalha com dois tipos de hormônio, enquanto a tirzepatida é mais tecnológica, atuando em três tipos de hormônio, o que facilita o processo de emagrecimento”, explica o médico.
Essa canetas emagrecedoras imitam hormônios produzidos pelo intestino. Elas dão a sensação de saciedade e retardam o esvaziamento do estômago. Com isso, o paciente sente menos fome, o que o leva a emagrecer.
O médico lembra que a tirzepatida já é autorizada para o tratamento da obesidade, o que amplia sua aplicação clínica. No entanto, o alerta vai para o uso indiscriminado, comum entre pessoas que recorrem a conselhos de amigos ou familiares, ou até mesmo a orientações encontradas em fóruns da internet. “O que eu vejo muito acontecer é a indicação entre amigos ou conhecidos, sem controle nenhum. Não é raro ouvir relatos de problemas como queda de cabelo, alteração da libido, insônia ou fraqueza extrema em pacientes que fizeram uso sem acompanhamento médico efetivo”, ressalta.
Embora as indicações informais prossigam, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu em junho deste ano a venda de canetas emagrecedoras sem receita médica. Essa receita, por sua vez, deve ficar retida na farmácia, a exemplo do que já acontece com os antibióticos.
Uso individualizado
Apesar dos riscos quando utilizados de forma incorreta, Luquetti frisa que os medicamentos são excelentes opções para o tratamento tanto do diabetes tipo 2 quanto da obesidade, desde que respeitado o acompanhamento e o uso individualizado. “São medicações muito eficazes, mas precisam ser utilizadas com segurança. O essencial é que o paciente busque sempre um profissional. Só assim conseguimos individualizar o tratamento e evitar complicações”, conclui.
Edição: Fernanda Villas Bôas