
A decisão da influenciadora Clara Maia de doar leite materno em meio ao luto pela morte de um dos filhos gêmeos comoveu a internet
A influencer abriu espaço para um debate importante: como mães e famílias elaboram a dor do luto perinatal e encontram formas de ressignificar essa experiência.
Para a psicóloga perinatal e especialista em luto Natália Aguilar, o gesto de Clara representa mais do que solidariedade, é também uma maneira de manter viva a conexão com o filho que partiu. “Quando uma mãe passa por uma perda tão precoce, existe a sensação de vazio, de interrupção de um vínculo que estava apenas começando. A doação do leite é um ato que permite transformar essa dor em algo que continua gerando vida, criando um legado do bebê que não está mais presente fisicamente”, explica.
Doação de leite como forma de conexão
A especialista destaca que, embora o gesto possa trazer conforto, ele também pode despertar lembranças dolorosas da perda. Por isso, o suporte emocional é fundamental para que a mãe consiga dar sentido ao ato sem sobrecarregar-se. Segundo Natália, histórias como a de Clara cumprem um papel importante ao dar visibilidade ao luto perinatal, quebrando o silêncio e mostrando a outras famílias que elas não estão sozinhas.
“Não existe um jeito certo de viver o luto. Cada mãe, cada pai e cada família vão atravessar esse processo de forma única. Mas existe, sim, um jeito certo da sociedade acolher: com empatia, respeito e sem minimizar a dor. Esse acolhimento pode mudar completamente a forma como a pessoa atravessa a perda”, conclui Natália Aguilar.
Clara Maia perdeu o filho Túlio, vítima da rara síndrome de transfusão feto-fetal, condição que acomete gêmeos idênticos que compartilham a mesma placenta. O irmão, Theo, nasceu prematuro extremo na 27ª semana e segue internado na UTI neonatal.