Adultos usando chupeta: comportamento curioso ou de alerta? Freepik

O uso de chupetas por adultos, que recentemente ganhou destaque nas redes sociais, pode parecer apenas uma excentricidade ou uma tendência divertida

Porém, segundo o psiquiatra Dr. Iago Fernandes, esse comportamento pode ser compreendido como uma regressão. Esse é um mecanismo de defesa no qual o indivíduo retoma hábitos de fases anteriores da vida para encontrar segurança. “A sucção da chupeta estimula a liberação de neurotransmissores como a serotonina, o que traz uma sensação momentânea de relaxamento e redução da ansiedade. Mas, como qualquer estratégia paliativa, não trata a raiz do problema. O risco é criar uma dependência emocional que, com o tempo, pode prejudicar a funcionalidade da pessoa”, explica.

Alerta social

A psicóloga Mariane Pires Marchetti, especialista em ansiedade e autoestima, reforça que o fenômeno revela muito sobre o cenário emocional atual. “O uso de chupetas por jovens e adultos é um exemplo de como o corpo e a mente buscam mecanismos rápidos de autorregulação diante da sobrecarga emocional. É um retorno simbólico à infância, quando a sucção representava segurança e calma. Isso nos leva a refletir: por que vivemos em um ritmo tão acelerado que até adultos recorrem a objetos infantis para suportar a pressão? É fundamental trabalhar o estresse na sua origem, criando estratégias mais saudáveis e duradouras”, afirma.

Além da dimensão psicológica, existem riscos concretos para a saúde bucal. A cirurgiã-dentista Thais Moura, especialista em harmonização facial, considera a tendência “no mínimo irresponsável”. Ela alerta: “Mesmo na fase adulta, a sucção pode provocar desalinhamento dentário, alterações respiratórias, problemas de mordida, disfunções temporomandibulares e até doenças gengivais causadas pela pressão constante. Usar um recurso para aliviar a tensão, mas que traga outros cinco problemas, não compensa. A melhor abordagem é sempre multidisciplinar, envolvendo odontologia e psicologia”.

Para quem busca alívio do estresse, os especialistas recomendam alternativas mais seguras e eficazes, como psicoterapia, técnicas de mindfulness, prática regular de exercícios físicos e fortalecimento de redes de apoio. Afinal, por mais que uma chupeta possa remeter a um momento de conforto, lidar com as causas profundas da ansiedade é o caminho mais saudável para o bem-estar a longo prazo.