Especialista Dr. Josué Montedonio explica quando a intervenção é indicada e por que maturidade emocional é essencial
A procura por cirurgias plásticas entre adolescentes tem aumentado, muitas vezes impulsionada pelas redes sociais e pelos padrões estéticos idealizados. No entanto, segundo o cirurgião plástico Dr. Josué Montedonio, a decisão deve ser tomada com cautela e responsabilidade, sempre respeitando o momento físico e emocional do jovem.
“O que determina a indicação não é a idade em si, e sim a maturidade física e emocional do adolescente”, afirma o médico. Para ele, a cirurgia só é válida quando existe impacto real na saúde física ou no bem-estar emocional — como no caso de deformidades, assimetrias importantes, orelhas de abano, gigantomastias que causam dor nas costas ou alterações que geram bullying e isolamento social. “Quando há sofrimento verdadeiro, a cirurgia passa a ter caráter reparador da autoestima, não apenas estético”, reforça.
Não existe idade mínima fixa
De acordo com o especialista, não há uma idade pré definida para cada tipo de procedimento. “O ideal é que o desenvolvimento corporal esteja completo, porque isso reduz as chances de alterações futuras no resultado”, explica. Ainda assim, ele ressalta que existem exceções. Uma adolescente de 13 anos com gigantomastia importante, dores nas costas e prejuízo emocional significativo pode, sim, ser operada com segurança, desde que bem avaliada. “Não existe uma proibição formal. O que existe é avaliação criteriosa”, diz.
Decisão exige participação da família
O Dr. Josué reforça que o adolescente nunca toma essa decisão sozinho. “A presença e autorização dos responsáveis é obrigatória. E não é só assinar um documento. A família precisa entender riscos, benefícios e limitações e apoiar o jovem de forma consciente.”
Vaidade x sofrimento emocional
Segundo o cirurgião, diferenciar vaidade de sofrimento real é uma etapa essencial. “O sinal mais claro é como a queixa interfere na vida. Quando o jovem evita fotos, deixa de ir à praia, sofre bullying ou muda o comportamento, estamos diante de marcas emocionais importantes. Quando a motivação vem só de comparação ou moda, o caminho é orientação, não cirurgia.”
Riscos de operar cedo demais
Os riscos não são apenas físicos. “O maior risco é emocional. Cirurgias feitas por impulso, pressão social ou busca de perfeição digital tendem a gerar frustração. A cirurgia não substitui a maturidade emocional”, alerta o especialista. Além disso, operar antes do fim do desenvolvimento corporal pode comprometer os resultados ao longo do crescimento.
Influência das redes sociais
As redes sociais, segundo ele, têm grande impacto sobre os jovens. “Filtros e imagens editadas criam padrões irreais. O adolescente ainda está formando identidade. O papel do cirurgião é educar e frear excessos, não alimentar inseguranças.”
Como saber se o corpo está pronto
A avaliação envolve histórico de crescimento, exames, estabilidade hormonal e saúde geral. “Em mamas, por exemplo, o ideal é que o tamanho esteja estável por pelo menos um ano”, explica o médico. Mas ele reforça que não é só o corpo que precisa estar pronto: “A mente também precisa estar preparada para o processo cirúrgico e para o pós-operatório.”
A orientação aos pais
Quando os pais recebem um pedido de cirurgia do filho, a recomendação é calma e escuta. “Nem toda vontade é necessidade. Mas também não se deve subestimar um sofrimento verdadeiro. A conversa em família e uma avaliação profissional ajudam a entender o que é maturidade e o que é impulso.”
Nem toda insatisfação precisa de cirurgia
O especialista lembra que muitos incômodos podem ser resolvidos sem bisturi. “Muitas queixas melhoram com orientação, acompanhamento psicológico, tempo, mudanças de hábitos ou tratamentos clínicos. A cirurgia deve ser a última etapa, nunca a primeira reação.”
Quando não operar é a escolha mais responsável
Para o Dr. Josué, saber dizer “não” é parte fundamental da ética na cirurgia plástica. “Quando o corpo ainda está crescendo, quando a motivação é moda, quando a expectativa é impossível ou quando o adolescente tenta resolver inseguranças emocionais com um procedimento físico… nesses casos, a escolha mais responsável é não operar.”