Imaturidade emocional? Ninguém merece! A imaturidade emocional tem raízes profundas que refletem nas relações amorosas. Entenda como reconhecer e escapar das armadilhas

A imaturidade emocional tem raízes profundas que refletem nas relações amorosas. Entenda como reconhecer e escapar das armadilhas

Se relacionar com o outro é algo que exige tempo, cuidados, paciência e muito diálogo, mas nem sempre isso é tão simples de ser colocado em prática. Afinal, toda história de amor começa com promessas de carinho, apoio e parceria, mas ao longo do caminho, algumas atitudes imaturas podem fazer sombra sobre esse relacionamento.

Prova disso é que muitos de nós já vivemos experiências próprias, ou então testemunhamos comportamentos, que colocam em risco a conexão entre o casal. Atitudes imaturas frequentemente surgem nas relações e têm impactos prejudiciais, muitas vezes se escondendo em manipulações que tornam difícil reconhecer e superar o problema. “Exemplos bem clássicos e corriqueiros são: sentir-se sempre vitimizado, culpar o parceiro por tudo – não admitindo suas falhas -, esperar e depender que
a motivação da sua felicidade venha do outro. Além disso, tem também a mania de ficar parado no tempo sem proatividade, gostar de fazer ‘joguinhos’ e mania de querer ser decifrado”, lista a sexóloga Luciane Cabral, parceira do Gleeden – plataforma número 1 de encontros extraconjugais e relações não monogâmicas – no Brasil.

Não aprendemos a nos relacionar

Mas isso não acontece por “maldade” por parte do parceiro – pelo menos não na maioria das vezes -, porque há uma motivação maior que explica essa imaturidade. Essas atitudes infantis podem surgir devido a experiências passadas, especialmente durante os primeiros anos de vida, dos 0 aos 12 anos, como explica a especialista. “Em especial nessa fase inicial, ter necessidades atendidas, ter um adulto responsivo que ajude a nomear emoções e ensine autorregulação, impactará em como nos desenvolvemos e, certamente, em nossa habilidade de adquirir maturidade ou não.”

“Nossa cultura não nos ajudou a construir relações verdadeiras e sólidas, na qual podemos ser quem gostamos de ser.”

Além das diferenças de gênero

Luciane aponta que a imaturidade emocional é consequência de outros históricos que não envolvem, necessariamente, a diferença de gêneros. “Em atendimentos, percebo muito a diferença pela criação, educação, religião, e não necessariamente por ser do gênero feminino ou masculino. Ser mimado e ter características de vitimização pode acontecer independente de gênero, tendo maior relação de como fomos auxiliados até a fase adulta”, enfatiza a especialista.

Como reconhecer a imaturidade emocional e desviar

Mas então quais são os sinais de alerta de que um parceiro está exibindo comportamento imaturo em um relacionamento que foge do que é aceitável? Alguns indícios, segundo a sexóloga, são “necessidade de autoafirmação constante, parecer mimado, tendência a depreciar os outros, colocando-os sempre para baixo e omitir seus desejos e vontades”.

E mesmo que não seja proposital, lidar com a falta de equilíbrio do parceiro para gerenciar suas emoções, sentimentos, e driblar essa carência afetiva, que ultrapassa o amor, cumplicidade e ciúmes, pode ser extremamente desafiador e desgastante. Essas questões podem levar a discussões frequentes e, em alguns casos, ao fim do relacionamento.

Como resolver isso?

Luciane explica que estabelecer um diálogo franco com alguém que tem dificuldades em aceitar opiniões diferentes e não reconhece suas próprias falhas, pode tornar a resolução de conflitos quase impossível. “Uma vez que a relação é feita de duas pessoas diferentes, opiniões e histórias distintas, isso é comum. Em alguns casos, será necessário um acompanhamento especializado para a parceria sair dessa bolha. Será necessário rever questões da infância e ressignificar pontos deixados para trás.”

Paciência…tudo tem jeito

A boa notícia é que os casais podem abordar e lidar com a imaturidade emocional de maneira construtiva. Mas depende da compreensão desse outro com as próprias questões, e pontos de evolução a serem trabalhados. “Não temos como forçar alguém nesse processo. A primeira estratégia, acredito que seja a terapia, a busca por entender e se autoavaliar em concomitante, se sentir amado”, pontua. Mas acrescenta que essa transformação não é imediata, e é preciso calma e consistência para apoiar essa relação. “A paciência e o diálogo serão necessários, pois não é do dia para noite que ‘crescemos’ quando algo fica perdido lá atrás! Mas com amor e resiliência tudo é possível.”

“Não conseguimos oferecer o que não aprendemos, e habilidades socioemocionais são aprendidas (pois elas não vêm nos genes), logo, é perfeitamente possível superar essas questões.”

A autenticidade e a empatia também desempenham um papel vital na superação da imaturidade emocional. “Esse é o momento de se colocar no lugar do outro. Esses comportamentos são consequências da infância e adolescência, e isso é fato comprovado até pela neurociência. Sendo leal e verdadeiro, inclusive com seus limites, ajudará sua parceria genuinamente. Porque provavelmente a pessoa não percebe o quanto fere ou incomoda sua postura imatura”, orienta Luciane. Ela ainda conclui reafirmando que, “com amor, dedicação de ambos e ajuda especializada, eles podem conquistar a maturidade emocional tão desejada e necessária para viver relações longas e felizes”.