O home office afeta a qualidade do trabalho? Pesquisas apontam que não, e isso só é verdade se houver desequilíbrio na relação entre empresa e colaborador durante o home office

Pesquisas apontam o contrário, e profissional explica que isso só é verdade se houver desequilíbrio na relação entre empresa e colaborador

O home office já deixou de ser uma novidade, e hoje muitas empresas mantém suas atividades através desse modelo de trabalho. Não dá para negar que trabalhar em casa tem inúmeras vantagens, tanto para os funcionários, quanto para os contratantes. Não há gasto com transporte e outros custos para realizar as tarefas em espaço físico, além de proporcionar conforto e maior flexibilidade para o colaborador. Parece perfeito, mas até que ponto é possível levar essa rotina sem prejudicar o comprometimento e produtividade da função?

O equilíbrio é o segredo

Segundo a psicóloga Cristiane Pertusi, isso pode ser equilibrado através de estratégias simples:
organização e alinhamento entre funcionário-corporação. “A empresa pode ajudar trazendo metodologias para que as pessoas criem esses métodos de organização. Como agenda de reuniões, feedbacks constantes, processos e outras ferramentas que ajudem as pessoas a se organizar e ter uma entrega mais efetiva”, resume.

O ponto crucial para esse assunto é entender que o trabalho remoto exige uma boa estrutura e atenção ao planejamento e organização de uma rotina que não comprometa o desempenho, já que muitas pessoas têm dificuldade em traçar e coordenar a própria rotina fora do ambiente empresarial. “É porque ali (no estabelecimento), há uma organização externa que organiza internamente o seu mundo interno. Cumprir horário, por exemplo, ajuda a minimizar e não deixar evidente a dificuldade de planejamento e organização”, explica a especialista.

É preciso interagir

Cristiane ainda chama a atenção para outro fator determinante nessa história toda: o isolamento social, que pode afetar o sentimento de pertencimento e engajamento dos funcionários. “A ausência de interações presenciais é um fator bastante prejudicial à saúde mental das pessoas”. A psicóloga ainda afirma que afirma que o modelo híbrido é o mais recomendado. “O trabalho 100% remoto, se não for devidamente estruturado de acordo com suas limitações, pode trazer prejuízo não só ao desenvolvimento das equipes, como à saúde mental individual”, acrescenta.

Veio para ficar!

Mas é claro que essa não é uma matéria para demonizar o home office, muito pelo contrário. Um levantamento recente feito pela FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia, unidade da Fundação Getúlio Vargas) apontou uma propensão de crescimento desse modelo de trabalho. Para 2024, espera-se que o número de colaboradores em esquema de “home office”, seja parcial ou integral, chegue a 20 milhões no Brasil, quase duas vezes maior do que o do ano anterior – que era 9,5 milhões.

Os principais pontos positivos em se trabalhar em casa, na visão das pessoas que exercem pelo menos um dia da semana nessa modalidade, são os horários mais flexíveis (citado por 43,6% dos entrevistados), seguido por aumento do bem-estar e qualidade de vida (28,5%) e não perder tempo
com deslocamento (15,8%).

Produtividade? Temos

O aumento de produtividade também foi um fator citado por 5,2% dos entrevistados como ponto positivo em realizar home office. E isso foi confirmado pelas próprias empresas, que sinalizaram à pesquisa que têm enxergado ganho de produtividade com o modelo. Na mesma análise, a parcela de companhias que admitiram ganho produtivo com esse perfil de trabalho foi maior do que a fatia que informou diminuição de produtividade com o trabalho em casa.

De acordo com a psicóloga Cristiane Pertusi, isso se deve à boa adaptabilidade que alguns perfis têm para exercer as atividades remotas. “Certas pessoas, em home office, têm um foco maior e se concentram mais”, afirma. Além disso, ela cita outros fatores que podem ajudar a construir e manter uma boa autogestão. “As melhores práticas para criar um ambiente de trabalho produtivo em casa vão desde ter uma rotina eficiente que emule o ambiente de trabalho (colocar a roupa, tomar o café, procurar um local silencioso na casa para auxiliar na concentração), fazer reuniões em videochamada, se comunicar. Tudo para proporcionar um ambiente mais interativo, de comunicação eficiente e com estímulos constantes”, indica a profissional.

“Uma boa liderança, boa comunicação de equipe – mesmo que virtual – e delineamento claros de metas e resultados esperados, são pontos cruciais para uma produtividade eficiente.”