O Natal não é mágico para todos Muitos podem ser os motivos de angústia no natal, mas é possível viver as festas de forma mais leve e otimista

Muitos podem ser os motivos de angústia nessa época do ano, mas é possível viver as festas de forma mais leve e otimista

O fim do ano chegou. É hora de montar a árvore, enfeitar a casa com pisca-piscas e fazer sair do papel os planos para as festas de Natal e Ano Novo. Parece tudo mágico, mas a verdade é que nem todo mundo ama de paixão essa época do ano, especialmente quem não tem uma relação tão bem resolvida com a família, pessoas próximas, ou até consigo mesma.

Brigas de família

Quem vivenciou as duas últimas eleições presidenciais no Brasil, sabe que esse é um tema que causou e segue causando muitas discussões por diferenças de posicionamentos, e isso inclui os familiares. Já cansamos de ouvir histórias de parentes que pararam de se falar temporariamente, ou até cortaram contato de forma definitiva, por conta desse embate. E as festas de fim de ano são solos férteis para esses debates aparecerem, né?

Mas não só isso, muitas outras questões além da política podem ser colocadas em xeque durante essas
reuniões no natal. Os casais, assim como quem passa as festas entre amigos, podem acabar brigando por coisas
que não foram resolvidas ao longo do ano. Questões como religião, uso excessivo de celulares pelos jovens, falta de paciência, pendências emocionais, divórcios recentes, consumo excessivo de álcool e diferenças de interesses têm muito potencial para desencadear esses conflitos, que se não gerenciados, podem criar o famoso climão durante a festa.

Tem como evitar!

Se mesmo com todos os problemas e desavenças, você ainda sonha em reunir a família para o Natal
e Ano Novo, a psicóloga Kamilla Giacomassi lista algumas dicas de como gerenciar esses conflitos
de forma saudável e, quem sabe, até evitar que eles aconteçam.

Resolva o que puder antecipadamente

Aborde questões desconfortáveis previamente para evitar que pequenos conflitos se tornem recorrentes. Utilize a comunicação não-violenta e busque ajuda psicológica se necessário.

Evite discussões polêmicas

Evite temas polêmicos durante as festividades, focando em manter um ambiente leve. Opte por conversas que enriqueçam o ambiente, evitando debates que possam gerar desconforto.

Compartilhe responsabilidades

Ao preparar festas, compartilhe responsabilidades para evitar sobrecarga. Cada grupo pode ficar encarregado de tarefas específicas, garantindo que todos possam desfrutar dos momentos.

Lidere

Enfrente situações desconfortáveis com bom humor e proatividade. Sirva, ajude e mantenha uma atitude positiva para criar um ambiente agradável.

Aprender a deixar de lado conflitos sem relevância

Evite entrar em brigas desnecessárias e releve situações sem importância. Priorize sua saúde mental e escolha a paz em vez de alimentar desentendimentos.

Lembre de agradecer

Agradeça pelas boas experiências do ano e faça planos para o futuro. Valorize o que já tem e concentre-se nos momentos positivos para melhorar o humor.

Seja empático com as dores alheias

Lembre-se de que as festas podem ser difíceis para alguns. Seja compreensivo com as dificuldades dos outros e esteja disposto a oferecer ajuda. Se estiver enfrentando estresse ou tristeza, não hesite em buscar apoio.

O fim de ano pode ser difícil para algumas pessoas

“Sentir-se triste no final de ano, especialmente no natal, é mais comum do que se pensa. Em serviços públicos de saúde e clínicas particulares, é comum haver um aumento do número de casos de pessoas em elevado grau de sofrimento, porque essas datas podem trazer lembranças tristes”, conta Elaine Di Sarno, psicóloga e neuropsicóloga especialista em Terapia Cognitivo Comportamental.

A especialista afirma que pesquisas mostram que há um aumento de 40% de casos de depressão nessa data. Uma possível explicação para isso é o estresse acumulado ao longo dos meses, que acaba se tornando mais forte e perceptível durante a reta final do ano.

E claro, como já citado, a ansiedade por reunir parentes próximos no natal também pode desencadear certo nervosismo, especialmente para pessoas que estão acostumadas a presenciar conflitos familiares
durante esse tipo de evento. Esse acúmulo de coisas é o que faz muitas pessoas terem arrepios ao pensar nas festas de final de ano. “Muitas vezes, esse estresse, aliado a sentimento de frustração em relação a metas que não foram cumpridas ou objetivos que ainda não foram alcançados, pode gerar sentimentos de angústia, baixa autoestima, impotência, que associados a um perfil de elevada cobrança pessoal”, explica Elaine.

A frustração também aparece no Natal

Expectativas frustradas também podem ser motivo de desânimo durante as tradicionais festas de final
de ano, e isso pode acontecer por inúmeros motivos. Metas que não foram cumpridas, pessoas que pedemos ao longo do ano, ou então que ainda estão na nossa vida, mas distante fisicamente.

Independentemente da razão, Elaine orienta que ao fazer essa “retrospectiva interna”, não devemos focar apenas nos pontos negativos e desconsiderar todos os positivos. “É preciso não esquecer que um ano que se inicia é uma convenção criada pelos homens apenas para estruturar a passagem do tempo. Se no balanço geral do ano, a pessoa achar que não atingiu a meta que tinha se proposto, pense em dois fatores: ‘aquilo de fato era importante para você ou você priorizou coisas mais relevantes? O que faltou para que você chegasse lá?’ Aprenda com o erro e vá em frente. A vida recomeça todos os dias”, finaliza
a psicóloga.