
Após a gravidez, a separação dos músculos abdominais pode afetar a saúde e o bem-estar da mulher
Barriga saliente, dor lombar, sensação de fraqueza abdominal e dificuldade para realizar movimentos simples do dia a dia. Esses são apenas alguns dos sintomas que podem estar relacionados à diástase abdominal, uma condição comum após a gestação, mas ainda pouco reconhecida entre as mulheres.
De acordo com o cirurgião plástico Tárik Nassif, “a diástase abdominal é o afastamento dos músculos reto abdominais. Uma condição que geralmente ocorre na gestação pelo aumento do volume abdominal”.
O que é a diástase abdominal?
Embora frequentemente associada a uma questão estética, a diástase também compromete a saúde. “A paciente pode apresentar dores lombares, sensação de instabilidade no tronco, dificuldade para se exercitar e até alterações na respiração e postura”, explica o especialista.
Segundo uma revisão publicada no British Journal of Sports Medicine (2023), cerca de 60% das mulheres apresentam diástase seis semanas após o parto, e um terço ainda convive com o problema um ano depois. Já uma pesquisa recente da Frontiers in Medicine (2024) avaliou 143 mulheres e identificou diástase supraumbilical em 85% das participantes. O risco foi maior entre pacientes com IMC elevado, idade materna avançada, partos cesáreos e gestações múltiplas.
“A grande maioria das gestantes desenvolve algum grau de diástase. Em gestações gemelares, o risco é ainda maior devido à distensão acentuada do abdômen”, alerta Tárik.
Queridinho das famosas
Famosas como Viih Tube, Shantal Verdelho e Thaís Fersoza compartilharam nas redes sociais a experiência com a cirurgia de correção da diástase. Mulheres passaram a discutir publicamente um tema que, antes, ficava restrito aos consultórios. Com isso, muitas passaram a buscar diagnóstico e tratamento. A barriga saliente, a dor lombar, a sensação de fraqueza abdominal e a dificuldade para realizar movimentos simples do dia a dia ganharam atenção.
Esses são apenas alguns dos sintomas que podem estar relacionados à diástase abdominal, uma condição comum após a gestação, mas ainda pouco reconhecida entre as mulheres.
Como evitar a diástase abdominal durante e após a gravidez
Outro ponto importante, segundo o especialista, é a prevenção. “A melhor forma de prevenir a diástase durante a gestação é evitar o ganho de peso excessivo. Também é fundamental manter uma rotina de fortalecimento da musculatura abdominal, com exercícios orientados por profissionais desde o início da gravidez”, recomenda.
Esse acompanhamento pode incluir fisioterapia preventiva, pilates clínico ou atividades específicas para o core, sempre com orientação individualizada. “Cuidar da musculatura abdominal antes, durante e após a gravidez é um investimento na saúde da mulher”, afirma Tárik.
Tratamento
Embora seja possível melhorar quadros leves com exercícios específicos e fortalecimento abdominal, a cirurgia é o recurso indicado para casos mais avançados. “Pode-se tentar o tratamento conservador, mas quando há sintomas importantes ou grande afastamento muscular, a cirurgia se torna uma excelente opção”, explica o médico.
A cirurgia pode ser realizada de forma tradicional, junto com a abdominoplastia, ou por videoendoscopia. “No primeiro caso, a recuperação gira em torno de 20 dias. Já pela via laparoscópica, o tempo de recuperação é bem menor, cerca de uma semana”, afirma Tárik.
A segurança do procedimento também é respaldada por estudos. Uma meta-análise publicada em março de 2025 no Surgical Endoscopy avaliou 480 pacientes submetidas à técnica endoscópica onlay e apontou uma taxa de recidiva de apenas 2%, com complicações intraoperatórias inferiores a 1%.
“O risco existe, como em qualquer procedimento cirúrgico: infecção, hematoma e recidiva. Mas com exames pré-operatórios adequados e acompanhamento pós-cirúrgico, os resultados são muito positivos”, afirma o cirurgião.
Além da estética, a correção da diástase traz benefícios importantes para a saúde física e emocional da paciente. “Ela fortalece a parede abdominal, melhora a postura e alivia sintomas como dor nas costas. É uma cirurgia que devolve qualidade de vida”, reforça o Tárik.
Mitos e verdades sobre a diástase abdominal
Apesar de pouco falada até pouco tempo atrás, a diástase vem deixando de ser um tabu. Com respaldo científico, visibilidade nas redes sociais e o apoio de especialistas, o tema começa a ser tratado com a seriedade que merece.
Um dos mitos mais comuns é o de que a condição afeta apenas mulheres que passaram pela gestação. “Homens também podem desenvolver diástase, especialmente em casos de perda de peso importante, cirurgias prévias ou fraqueza crônica da musculatura abdominal”, esclarece.
Outros equívocos incluem a crença de que toda mulher que teve filho terá diástase, ou que apenas a cirurgia pode resolvê-la. “Há casos que evoluem bem com tratamento fisioterápico, e a avaliação deve ser sempre individualizada”, complementa o médico.
E Tárik finaliza com um alerta: “Diástase não é frescura, nem vaidade. É uma condição real, que compromete o corpo e o bem-estar da mulher. Falar sobre isso é dar voz a milhares de pacientes que por anos sofreram em silêncio.”