
Segundo André Leão, aceitar esse sofrimento pode comprometer sua saúde física, emocional e cognitiva
Para muitos brasileiros, a dor já se tornou um componente do cotidiano. Um incômodo constante nas costas, uma cefaleia que não passa, um peso nos ombros que parece permanente. Mas essa rotina de dor não é normal. E tampouco é algo com o qual se deve simplesmente “aprender a conviver”.
O que é a dor crônica?
A dor crônica é uma condição complexa, que afeta o sistema nervoso de forma duradoura e precisa de atenção específica. Segundo estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (2023), 37% da população brasileira sofre com algum tipo de dor persistente por mais de três meses, critério que já classifica a condição como crônica.
Para o especialista André Leão, mestre pela USP e referência no tratamento integrativo da dor, a maior barreira ainda é cultural. “Muitos pacientes escutam que a dor é normal para a idade, ou que é frescura. Isso gera atraso no diagnóstico, isolamento e sofrimento evitável.”
A dor crônica impacta mais do que o corpo. Ela afeta o sono, o humor, o foco, as relações pessoais e a autoestima. Também está associada ao aumento de quadros de ansiedade e depressão, como mostrou um relatório do Pain Research and Management Journal (2020), que indicou que 62% dos pacientes com dor crônica apresentavam sintomas depressivos moderados a graves.
“A dor não é só um sintoma. Ela é uma condição que altera o funcionamento cerebral. E quanto mais tempo ela permanece sem intervenção adequada, mais difícil é reverter o quadro”, explica Leão.
Tratamento
O tratamento precisa ser abrangente: envolve estratégias farmacológicas, reabilitação física, acompanhamento psicológico e mudanças no estilo de vida. “Cada paciente é único. Tratar a dor crônica exige empatia, ciência e personalização”, afirma.
Se a dor já faz parte da sua rotina, se interfere no sono, no trabalho ou no convívio social, não aceite isso como parte da vida. Buscar ajuda é o primeiro passo para recuperar sua autonomia e sua saúde.