Mitos da maternidade: amamentação não é instinto, é aprendizado Freepik

Dra. Amanda Ibagy, pediatra especialista em amamentação, explica os desafios do aleitamento e quando procurar ajuda

Amamentar é um ato natural, mas isso não significa que seja simples ou automático. Ao contrário do que muitos imaginam, a amamentação exige aprendizado, orientação adequada e, sobretudo, apoio — especialmente para as mães de primeira viagem.

A pediatra e especialista em amamentação, Dra. Amanda Ibagy, reforça que o início do aleitamento é um processo de adaptação, tanto para o bebê quanto para a mãe. “A amamentação não acontece por instinto puro. Ela envolve uma série de técnicas, informações e muita paciência. Idealizar esse momento como algo que surge naturalmente pode gerar frustração e até abandono precoce do aleitamento”, explica a médica.

Primeiros dias: dor, dúvidas e insegurança

Nos primeiros dias após o parto, é comum que as mães relatem dor, dificuldade para fazer a pega correta e insegurança quanto à quantidade de leite produzida. Segundo a Dra. Amanda, esses obstáculos são normais e esperados, mas não devem ser ignorados.

“É importante saber que o colostro — o primeiro leite — é pequeno em volume, mas extremamente rico em nutrientes e anticorpos. Muitas mães acham que o bebê está passando fome porque ele mama com frequência, mas isso faz parte do processo de estabelecimento da produção de leite”, explica.

Técnica e apoio: os pilares da amamentação bem-sucedida

Para que o aleitamento ocorra de forma eficiente e prazerosa, é fundamental garantir uma pega correta, posição confortável e ambiente de apoio. “Não basta apenas colocar o bebê no peito. A boca precisa estar bem aberta, abocanhando boa parte da aréola e não apenas o bico, para evitar fissuras e garantir que o bebê consiga extrair o leite adequadamente”, destaca a pediatra. Além disso, a posição da mãe e do bebê deve proporcionar conforto e segurança.

O apoio do parceiro, da família e, principalmente, da equipe de saúde, também é essencial. “Mães que se sentem acolhidas e bem orientadas têm maior chance de manter a amamentação exclusiva até os seis meses, como recomendado pela Organização Mundial da Saúde”, afirma Dra. Amanda.

Sinais de alerta: quando procurar ajuda especializada?

Apesar de ser um processo desafiador, alguns sinais indicam que é hora de buscar apoio profissional, como de consultoras de amamentação ou pediatras especialistas. Entre eles, a médica destaca:

  • Fissuras ou dor intensa nos mamilos que não melhoram com a correção da pega;
  • Perda de peso acentuada do bebê após o nascimento;
  • Mamadas muito curtas ou muito longas (menos de 5 minutos ou mais de 1 hora constantemente);
  • Bebê que parece insatisfeito após todas as mamadas;
  • Inchaço persistente ou endurecimento das mamas (sinal de ingurgitamento ou mastite).

“Não é preciso sofrer calada. A amamentação pode e deve ser prazerosa. Com orientação adequada, a maioria dos problemas tem solução”, tranquiliza Dra. Amanda Ibagy.

Informação como ferramenta de empoderamento

A especialista reforça que o acesso à informação de qualidade, antes mesmo do nascimento, pode transformar a experiência da amamentação. Participar de rodas de gestantes, buscar fontes confiáveis e conversar com profissionais capacitados são formas de se preparar para esse momento tão importante.

“Amamentar é um ato de amor, sim, mas também é uma habilidade que se aprende e se aprimora com o tempo. Não existe mãe que não seja capaz de amamentar, mas sim mães que não receberam o suporte necessário”, finaliza.