Atenção: exageros de fim de ano podem prejudicar seus rins

Mudanças na rotina, desidratação e alimentação pesada tornam o período crítico para a saúde renal

Fim de ano é sinônimo de festa na firma, confraternização com amigos, Natal com a mesa farta e Réveillon regado a bebidas. O clima é de celebração, e, muitas vezes, de exageros. Mas entre presentes, pratos especiais e mudanças na rotina, uma pergunta surge: como ficam os rins nessa maratona de excessos?

Época que mais afeta os rins

Segundo a nefrologista Daphnne Camaroske, da Fenix Nefrologia, esse é um dos períodos em que os rins mais sofrem. “O excesso de sal, álcool e a desidratação formam uma combinação perigosa que aumenta a sobrecarga renal, favorece picos de pressão arterial, formação de cálculos renais, e, em casos mais graves, pode levar até à lesão renal aguda”, explica

O consumo elevado de sódio, potássio e proteínas, associado à pouca ingestão de água e ao consumo elevado de álcool, comum nesta época, pode causar danos imediatos aos rins. “O sódio aumenta a pressão arterial e a retenção de líquidos, elevando a pressão dentro dos glomérulos, o que pode descompensar pacientes com doença renal, insuficiência cardíaca ou hipertensão. O potássio, presente em frutas, verduras verde-escuras, legumes, batata, leguminosas, água de coco e sucos concentrados, precisa ser rigidamente controlado por quem tem doença renal crônica. Seu acúmulo no sangue pode desencadear hipercalemia, que causa arritmias graves e representa risco à vida. Já o consumo excessivo de proteínas aumenta o trabalho de filtração glomerular e pode piorar a proteinúria ou gerar hiperfiltração, especialmente em diabéticos e hipertensos com doença renal.”

Sinais de doença renal

Apesar de muitas vezes silenciosa, a doença renal pode apresentar sinais. “Entre eles estão inchaço em pernas, rosto ou pálpebras, elevação da pressão arterial, redução do volume urinário, urina escura ou com sangue, fadiga intensa, náuseas e mal-estar. Também podem ocorrer câimbras, palpitações e sensação de fraqueza, indicando alterações nos eletrólitos. Nessas situações, a recomendação é buscar avaliação médica e realizar exames como creatinina, ureia e eletrólitos”, afirma.

Alguns cuidados

Para pessoas com doença renal ou fatores de risco como hipertensão e diabetes, os cuidados devem ser redobrados. Evitar exageros é essencial. A nefrologista destaca a importância de manter o uso regular dos anti-hipertensivos, evitar excesso de doces entrediabéticos, limitar ultraprocessados ricos em sódio e ter atenção especial a alimentos ricos em potássio nos estágios avançados da doença renal. A hidratação deve ser adequada, exceto nos casos em que há restrição, como em pacientes dialíticos ou com insuficiência cardíaca. Pacientes em diálise não devem faltar às sessões. É fundamental evitar o uso de anti-inflamatórios e consumir álcool apenas com moderação, evitando grandes quantidades em curto período.

Atenção as bebidas

Daphnne lembra ainda que a cerveja sem álcool não é totalmente livre de álcool, contendo entre 0,5% e 0,8%. Para pacientes em diálise, ela conta na restrição de líquidos. Além disso, cervejas e vinhos apresentam sódio, açúcar, potássio, fósforo e outros componentes controlados na dieta dos pacientes renais. Diabéticos também devem ter atenção ao alto teor de açúcar dessas bebidas. “Então, não é porque é zero álcool que está liberado”, reforça a especialista.

A nefrologista explica que algumas estratégias simples ajudam a proteger os rins sem impedir a participação nas ceias. Entre elas:

  • Manter hidratação adequada e intercalar água com bebidas alcoólicas;
  • Priorizar saladas e preparações frescas antes dos pratos mais pesados, reduzir o uso de sal à mesa e evitar repetir grandes porções de proteína.

Após as festas, retomar a alimentação equilibrada, controlar porções, aumentar a ingestão de preparações leves, manter atividade física regular e boa hidratação ajudam a recuperar o equilíbrio renal. Com equilíbrio e responsabilidade, é possível aproveitar as celebrações sem prejudicar os rins.