Dor de cabeça: quando o incômodo se torna preocupante? Poor girl having terrible headache. Studio shot of upset european female with afro haircut, touching temples and frowning, grimacing from pain, suffering migraine and standing unfocused. Copy space

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia, a dor de cabeça atinge cerca de 140 milhões de brasileiros. Sendo assim, é considerada uma das doenças mais incapacitantes no Brasil e no mundo. Dr. Fernando Gomes, neurocirurgião e neurocientista e professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP explica quando as dores podem ser preocupantes.

“A cefaleia em salvas causa um tipo de dor de cabeça que é mais frequente na região de um dos olhos ou órbitas. No mesmo lado em que a dor, é comum também surgirem outros sintomas, como nariz escorrendo, inchaço da pálpebra e lacrimejamento do olho”, explica. Ele conta que o tratamento da cefaleia em salvas normalmente é feito com a inalação de oxigênio a 100%. E, em alguns casos, pode ser preciso indicar medicamentos, como verapamil ou lítio, para evitar o retorno das crises.

Quando a dor de cabeça deve preocupar

Mas, para o especialista algumas dores merecem atenção. “A dor de início súbito (que começa de repente), dores muito intensas, ou de característica diferente de qualquer dor que já sentiu na vida e que não melhora ou que seja associada a alteração súbita da fala, da visão, da força dos braços ou pernas, do equilíbrio e ainda for acompanhada de desmaio ou convulsão e febre, podem ser sinais de alerta”, diz.

Essas dores podem indicar quadros mais graves como a hidrocefalia, um aumento da pressão intracraniana devido à hipertensão do líquor, também conhecido como líquido cefalorraquidiano e que cumpre a função de proteger o tecido nervoso dos impactos. “Esse aumento de pressão distende a dura-máter, que é a membrana mais externa e próxima à pele, causando dor. A dor é holocraniana, se espalha por todo o crânio. É persistente, melhora pouco com remédios, e pode piorar quando o indivíduo se deita por aumento da pressão intracraniana. Pode vir acompanhada de sintomas como sonolência, náuseas, vômitos e dificuldades visuais”, fala o especialista.

Sinais mais graves

Dr. Fernando ainda alerta que algumas dores de cabeça podem ainda indicar tumor cerebral. Já que esse problema causa um aumento da pressão dentro do crânio, gerando uma dor de cabeça difusa, que piora ao acordar ou ao baixar a cabeça (a cabeça mais baixa dificulta a drenagem do sangue do cérebro, levando a um aumento da pressão intracraniana). “Geralmente a dor pode se associar a fraqueza em um lado do corpo e crise convulsiva e em pacientes que tenham história de tumores em outras partes do corpo que não a cabeça, uma dor de cabeça nova pode sinalizar a existência de uma metástase secundária a este tumor”, afirma.

O neuro ainda comenta que a dor de cabeça pode ser sinal de AVC por hemorragias subaracnóideas, causados por ruptura de aneurismas (que são dilatações ou “sacos” que se formam na parede de artérias) são as principais dores de cabeça ligadas a um AVC. “Caracterizam-se por serem abruptas. Atingem com intensidade máxima dentro do primeiro minuto de ocorrência em um indivíduo sem dor de cabeça prévia ou com dores de cabeça prévias diferentes desta. Ela pode se manifestar com sonolência, dificuldade na fala ou dificuldade motora. Ao apresentar um quadro como esse é importante que a pessoa procure o pronto-atendimento. Isso para ter a condição diagnosticada antes de um agravamento ou de nova ruptura, que pode ter consequências trágicas”, finaliza o médico.

Ele ainda deixa o alerta para sinais de dores que podem indicar até um aneurisma. “Um aneurisma geralmente só causa cefaleia quando rompe e causa uma hemorragia súbita no cérebro e leva a um tipo de dor de cabeça muito intensa, “explosiva”. Podendo ser associada a náuseas, vômitos e muitas vezes perda de consciência, podendo levar à morte ou sequelas importantes”.

Opções para aliviar a dor de cabeça

Por outro lado, quando a dor não é algo mais grave, há alternativas naturais que podem funcionar como aliadas no alívio das dores. A aromaterapeuta e especialista em neurociência dos aromas, Daiana Petry, explica que a aromaterapia, quando bem aplicada, pode atuar no sistema nervoso central. Promovendo relaxamento, dilatação dos vasos e equilíbrio emocional — fatores diretamente envolvidos no desencadeamento de diferentes tipos de cefaleia.

“A dor de cabeça não é apenas física — ela está ligada ao estresse, à tensão muscular, ao cansaço mental e até à digestão. Óleos essenciais como lavanda, hortelã-pimenta, eucalipto globulus e manjerona têm propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e reduzem o nível de cortisol. Eles ajudam o cérebro a sair do estado de alerta constante e ativam áreas ligadas ao alívio e à regulação da dor”, explica a especialista. Ela deixa um ritual prático para alívio da dor.

Dicas

  • Compressa aromática fria: pingar 2 gotas de óleo essencial de hortelã-pimenta em uma colher de sopa de álcool de cereais ou sabonete líquido neutro, misturar bem e acrescentar numa pequena bacia com água gelada. Aplicar o pano úmido sobre a testa ou nuca por 10 minutos.
  • Banho antitensão: adicionar 5 gotas de óleo de lavanda e 3 gotas de óleo de manjerona em duas colheres de sabonete líquido neutro. Diluir na banheira e permanecer por 20 minutos.
  • Inalação profunda: pingar uma gota de óleo essencial de eucalipto globulus em um lenço e inspirar profundamente por alguns minutos. Ideal para dores com componente sinusal.
  • Massagem com óleo vegetal: misturar 2 gotas de óleo de manjerona e 1 de hortelã-pimenta em uma colher de óleo vegetal de sua preferência e aplicar com movimentos circulares nas têmporas, nuca e ombros.