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O final de ano costuma ser marcado por confraternizações, viagens, metas acumuladas e uma rotina mais acelerada. Combinação que, para muitas pessoas, aumenta significativamente o nível de estresse.
Embora pareça apenas um desconforto emocional, a pressão constante pode ter impacto direto e perigoso na saúde cardiovascular. Um levantamento da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM) aponta que os níveis de estresse aumentam cerca de 75% nesse período. Impulsionados especialmente pela sobrecarga de trabalho, metas acumuladas, obrigações sociais e a pressão típica das festividades.
A preocupação se intensifica especialmente entre as mulheres. Um estudo publicado na revista Neurology mostrou que mulheres jovens expostas a níveis elevados de estresse crônico tiveram até 78% mais risco de sofrer AVC isquêmico. O dado chama atenção para os danos silenciosos que se acumulam no corpo ao longo do tempo, e reforça a necessidade de maior vigilância feminina.
Impacto do estresse na saúde cardiovascular
Para o Dr. Ítalo Menezes Ferreira, Coordenador da Unidade Coronária do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), a relação entre estresse e saúde do coração é mais profunda do que se imagina. “O estresse crônico provoca uma descarga prolongada de hormônios como adrenalina e cortisol, que elevam a pressão arterial, aumentam a frequência cardíaca e favorecem processos inflamatórios envolvidos na formação de placas nas artérias. No fim do ano, quando a rotina se intensifica, esse efeito pode se somar a outros fatores de risco e facilitar eventos como infarto e AVC”, explica o cardiologista.
Ele alerta que pessoas com histórico familiar de doenças cardiovasculares ou já diagnosticadas com hipertensão, diabetes ou colesterol alto não devem ignorar sintomas como irritabilidade constante, cansaço excessivo, insônia, palpitações e dores no peito.
Estratégias para proteger o coração
Apesar da correria, pequenas estratégias podem ajudar a proteger o coração. Manter uma rotina mínima de exercícios, regular o sono, moderar o consumo de álcool e café, organizar prioridades e, principalmente, reconhecer limites.
“Buscar equilíbrio entre metas e bem-estar é essencial. Muitas vezes, ajustar expectativas ou distribuir melhor as tarefas já reduz a sobrecarga emocional e fisiológica que afeta o sistema cardiovascular”, afirma Dr. Ítalo.
O final de ano pode, e deve, ser um período de celebração. Mas, para isso, é fundamental manter a saúde mental e o coração em foco, evitando que o excesso de pressão transforme a época mais festiva do calendário em um risco silencioso.