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Dentista Lidiane Takeda alerta que ausência de imagens e testes antes do procedimento pode levar a fraturas, infecções persistentes e até à necessidade de cirurgias.
Com o aumento do número de tratamentos endodônticos realizados em clínicas de alta rotatividade e a busca por rapidez nos procedimentos, especialistas têm alertado para a realização de canais sem exames prévios adequados. Segundo levantamento publicado pelo Journal of Endodontics (2024), cerca de 30% das falhas endodônticas estão relacionadas à falta de diagnóstico por imagem e avaliação anatômica detalhada antes da intervenção.
Realizar um tratamento endodôntico (canal) sem exames diagnósticos prévios pode elevar substancialmente os riscos de complicações e insucesso do procedimento. A cirurgiã-dentista Dra. Lidiane Takeda alerta para falhas frequentes como canais não tratados, falha de selamento ou fraturamento de instrumentos. Eles podem comprometer o dente ou a saúde bucal geral.
Consequências da falta de diagnóstico adequado
Antes de qualquer intervenção, é fundamental a realização de radiografias ou tomografia de feixe cônico, testes de vitalidade pulpar e mapeamento anatômico do canal. Essas etapas que permitem ao profissional identificar curvaturas, canais acessórios, calcificações e proximidade com estruturas anatômicas sensíveis.
Segundo o artigo Success and failure of endodontic treatment: predictability (2025), uma das causas mais comuns de falha endodôntica é o inadequado preparo e desinfecção de todo o sistema de canais, especialmente em sua porção apical e ramificações pequenas.
Além disso, instrumentos podem se quebrar durante a instrumentação do canal, ficando fragmentos dentro do dente, o que dificulta a limpeza completa do sistema endodôntico.
Há também o risco de perfuração lateral ou vertical do canal, quando o instrumento rompe a parede do dente — especialmente em casos de curva pronunciada ou baixa visibilidade anatômica. Embora menos frequente, esse tipo de erro é relatado em literaturas de má prática em endodontia.
Outra falha comum é a reinfecção do canal, quando restos de tecido infeccioso ou bactérias persistem em canais secundários ou não instrumentados adequadamente. Isso resulta em dor, edema ou abscesso eventual.
A tecnologia é aliada
A Dra. Lidiane destaca que a tomografia de feixe cônico (CBCT) é uma ferramenta cada vez mais essencial.
“Ela permite visualizar em 3D a anatomia interna do dente, identificar canais ocultos e delimitar estruturas adjacentes importantes, informações que uma radiografia bidimensional não oferece”, afirma.
Outro elemento de segurança frequentemente negligenciado é o uso de campo de borracha (dique de borracha ou “rubber dam”). O dispositivo isola o dente, protege os tecidos moles da boca (língua e mucosa) e impede que irrigantes químicos (como o hipoclorito de sódio) entrem em contato com estruturas indesejadas ou que o paciente os engula.
Sem esses exames e recursos, o tratamento pode resultar em:
- Dor persistente ou recorrente;
- Necessidade de retratamento ou cirurgia endodôntica (apicectomia);
- Risco de fratura da raiz ou até perda do dente;
- Infecção local que pode evoluir para abscesso.