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Especialista em emagrecimento e obesidade aborda a nova frente terapêutica para pacientes que, mesmo após uma cirurgia bariátrica, voltam a engordar — e como a endoscopia pode ser uma alternativa menos invasiva
Para muitos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, alcançar a meta de emagrecimento representa uma vitória. Mas, em diversos casos, esse alívio convive com uma realidade desafiadora: o reganho de peso. É nesse contexto que o especialista em emagrecimento e obesidade, Dr. Gustavo Quadros, vem observando uma transformação significativa no manejo clínico. “A cirurgia bariátrica não deve ser vista como o fim do processo, mas como o início de um caminho que precisa de suporte contínuo”.
O reganho de peso após o procedimento bariátrico não é raro. Estudos indicam que até 30% — ou mais — dos pacientes podem voltar a engordar cinco anos após a operação. Entre os fatores envolvidos estão a dilatação da anastomose gastrojejunal, o relaxamento dos hábitos alimentares, a redução da atividade física e falhas no acompanhamento multidisciplinar.
Endoscopia como alternativa menos invasiva
Dr. Quadros destaca que as terapias endoscópicas emergentes — como a fulguração com plasma de argônio da anastomose ou a sutura endoscópica de remodelação — surgem como alternativas de intervenção menos invasivas. “Quando a anastomose se dilata e o paciente perde a sensação de saciedade, o reforço endoscópico pode restaurar parte da restrição original e oferecer uma nova chance ao emagrecimento”.
O procedimento consiste, em muitos casos, em sessões ambulatoriais de endoscopia com sedação leve. Nelas, se atua sobre o diâmetro da saída do estômago operado para retardar o esvaziamento gástrico, aumentar a sensação de plenitude e diminuir o apetite. “Essas opções devem vir acompanhadas de reposicionamento do estilo de vida e reforço nutricional, e não substituem o acompanhamento clínico e psicológico”.
Avanços e limitações das terapias revisionais
Ele pondera que a escolha da técnica depende da história de cada paciente: “Nem todo paciente que reganha peso vai automaticamente para a endoscopia. Primeiro avaliamos os hábitos, a composição corporal e as possíveis causas metabólicas ou psicológicas. A endoscopia é parte de uma estratégia revisional”.
Apesar dos avanços, o especialista reforça que ainda não se trata de uma solução universal. Estão em andamento estudos e relatos que indicam que a perda adicional de peso pode variar conforme o paciente, e que a manutenção continua sendo um fator crítico.
Ele conclui: “A tecnologia ajuda, claro. Mas o verdadeiro sucesso vem do compromisso contínuo com a alimentação, o movimento, o apoio especializado e a consciência de que o corpo mudou e exige atenção constante”.