
Dr. Marcos Laboissiere explica que a campanha reforça a importância de cuidar da mente e do sorriso como aliados na prevenção ao suicídio
Setembro Amarelo é o mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio. Este, um problema de saúde pública que atinge milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida anualmente. Somente no Brasil, os números ultrapassam 14 mil casos por ano. A campanha, criada em 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), busca quebrar tabus, estimular o diálogo e oferecer informação para salvar vidas.
Embora a discussão sobre saúde mental costume estar ligada a fatores emocionais e sociais, pesquisas e experiências clínicas mostram que a saúde bucal também desempenha papel essencial nesse contexto. Problemas como dor de dente constante, perda de dentes e alterações estéticas podem impactar diretamente a autoestima, reforçar sentimentos de insegurança e até agravar quadros de depressão e ansiedade.
A ligação entre Saúde Bucal e Saúde Mental
Segundo o dentista Prof. Marcos Laboissiere, CEO da Ilo Odontologia, é preciso compreender que boca e mente estão intimamente conectadas. “Muitas vezes, pacientes com transtornos de ansiedade apresentam quadros de bruxismo, enquanto aqueles que sofrem de compulsão alimentar podem desenvolver cáries e doenças gengivais. Além disso, alguns medicamentos usados no tratamento de depressão reduzem a produção de saliva. Isso favorece problemas bucais e piora o desconforto do paciente”, explica.
Esse ciclo pode ser ainda mais delicado quando a autoestima entra em jogo. A perda de dentes ou problemas estéticos no sorriso podem afetar a autoconfiança, influenciar relacionamentos e até reduzir as chances de inserção no mercado de trabalho. Para Laboissiere, oferecer tratamentos que devolvam a saúde bucal é também oferecer qualidade de vida e bem-estar psicológico.
O estresse e a tensão diária, que aumentaram nos últimos anos com crises sociais e econômicas, também têm reflexos claros na boca. O bruxismo, caracterizado pelo ato inconsciente de apertar ou ranger os dentes, é um dos exemplos mais comuns e pode provocar dores de cabeça, fraturas dentárias e distúrbios na articulação temporomandibular (ATM). “Essas dores constantes acabam impactando a rotina do paciente e, em casos graves, podem agravar quadros depressivos”, alerta o especialista.
A integração entre odontologia e saúde mental é, portanto, um caminho promissor para o cuidado integral do ser humano. Além de tratamentos clínicos, é fundamental que pacientes recebam acolhimento e orientação, entendendo que cuidar da boca é também cuidar da mente.
Observar sinais como desesperança, isolamento, alterações de humor e até descuido com a própria higiene pessoal pode ser determinante para oferecer apoio a quem precisa. E, nesse processo, a odontologia se torna uma importante aliada para devolver autoestima, saúde e qualidade de vida.