Dia do Cinema Brasileiro: cinco filmes que você precisa assistir arquivo pessoal

Diretora de “Se Eu Fosse Você 3” relembra produções que a inspiraram e reflete sobre o poder do cinema nacional

No dia 5 de novembro, o Brasil celebra uma das duas celebrações do Dia do Cinema Brasileiro, lembrando a primeira exibição pública de cinema no Brasil, realizada no Rio de Janeiro, em 1896. Considerado um marco na história da sétima arte nacional, por representar a primeira vez em que o público brasileiro pôde assistir a uma projeção cinematográfica em uma sala de cinema.

Entre as pessoas que continuam a construir essa história está a diretora Anita Barbosa, que soma mais de duas décadas de carreira no audiovisual. Ela já atuou como assistente de direção em grandes sucessos, como “Se Eu Fosse Você” e “Chico Xavier”, e mais recentemente assumiu a direção de “Se Eu Fosse Você 3”, novo capítulo da franquia que se tornou um clássico da comédia nacional.

Em homenagem à data, Anita compartilhou cinco filmes brasileiros que a marcaram profundamente, obras que, segundo ela, “ajudaram e continuam ajudando a formar o olhar e a paixão por contar histórias com identidade” , destaca.

1. Se Eu Fosse Você (2006) – A comédia que virou um reencontro

Anita começou sua trajetória nos bastidores dessa franquia de sucesso, como assistente de direção nos dois primeiros longas. Agora, quase 20 anos depois, ela volta à história como diretora de “Se Eu Fosse Você 3”.

“Esse filme tem um significado enorme pra mim. Foi no set de “Se Eu Fosse Você” que entendi o poder do cinema de tocar as pessoas e gerar identificação. É uma comédia sobre troca e empatia, mas também sobre enxergar o outro com mais generosidade. Ter vivido esse projeto de perto, e agora poder dirigi-lo, é como fechar um ciclo com muito carinho”, conta Anita.

2. Cidade de Deus (2002) – Um retrato impactante da realidade

Um dos filmes mais marcantes do cinema nacional, “Cidade de Deus” também está entre as grandes referências de Anita. A história acompanha a vida de jovens que crescem em uma comunidade do Rio de Janeiro dominada pela violência, mostrando como o crime e a desigualdade moldam destinos.

“Lembro de assistir e ficar impactada com a força da narrativa e a maneira como o filme fala sobre a desigualdade sem perder a humanidade. É um retrato duro, mas necessário. A gente se vê ali, seja na luta, na coragem ou na busca por um futuro melhor. É um filme que te muda como espectador e como profissional”, explica.

3. Ainda Estou Aqui (2024) – A memória como resistência

Entre os lançamentos mais recentes, o longa “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e inspirado na história real de Inês Etienne Romeu, também deixou marcas em Anita.

“É um filme de uma delicadeza imensa. Fala sobre dor, memória e sobrevivência, mas de um jeito poético. Me emocionou muito ver como o cinema pode revisitar a história do nosso país e, ao mesmo tempo, curar feridas coletivas. A fotografia, o ritmo, as atuações, tudo nesse filme é feito com uma sensibilidade rara “, conta.

4. Estômago (2007) – O sabor da vida em cada escolha

Misturando humor e crítica social, Estômago é outro título que Anita cita com entusiasmo. A trama acompanha Raimundo Nonato, um homem simples que descobre talento para cozinhar e usa a gastronomia como forma de ascensão e sobrevivência, dentro e fora da prisão.

“Gosto de como “Estômago” fala de poder, de hierarquia e de sobrevivência, mas usando a comida como metáfora. É um filme que parece leve, mas carrega reflexões profundas. É o tipo de história que te prende e te faz pensar sobre o que é realmente ter controle sobre o próprio destino “, destaca.

5. A Dona da História (2004) – As escolhas que moldam quem somos

E para encerrar a lista, Anita cita “A Dona da História”, de Daniel Filho, que também dialoga com temas presentes em sua carreira. “Esse filme fala sobre tempo, amor e escolhas e acho que todo mundo se identifica um pouco com isso. Ele mostra que a vida é feita de caminhos e que cada decisão muda o rumo da nossa história. É sensível, bonito e cheio de humanidade, como gosto que o cinema seja”, conta.

Com olhar atento, Anita segue consolidando sua trajetória entre o cinema, a TV e o streaming. Além da direção de Se Eu Fosse Você 3, ela também é responsável por produções como “Amor.com”, as séries “Matches” (Max/Warner) e “Se Eu Fosse Você – A Série” (FOX).

“Falar de cinema brasileiro é falar de quem somos. Nosso cinema tem voz, tem afeto e tem uma verdade que é só nossa. É por isso que, pra mim, fazer cinema é também uma forma de cuidar da nossa cultura”, destaca Anita.