Entenda o novo perfil do viajante brasileiro em destaque Freepik

Mercado se adapta ao perfil mais exigente e conectado do viajante nacional

O turismo brasileiro está passando por uma transformação impulsionada pela tecnologia e pelo acesso crescente à informação. Essas mudanças ganharam ainda mais força após a pandemia. Desde então, o mercado precisou se adequar ao novo perfil do viajante nacional. Um consumidor mais exigente, imediato e conectado, que busca experiências autênticas e personalizadas, mas não deixa agilidade na hora de decidir e comprar.

Apesar de o valor ainda ser um dos fatores mais determinantes para o viajante brasileiro, sobretudo em locais que não têm proposta de luxo, considerar apenas esse aspecto pode não ser uma estratégia inteligente para o setor. “O preço continua sendo um fator decisivo para o brasileiro, principalmente em destinos que não se posicionam como de luxo. No entanto, olhar apenas para esse aspecto pode ser um erro estratégico. O viajante atual busca cada vez mais qualidade, experiência e atendimento diferenciado. Se o setor não equilibrar valor e serviço, dificilmente conquistará fidelização”, afirma Erik Cabral, CEO da agência Viagem com Estilo.

O custo-benefício importa

Preço justo, conforto, segurança e atendimento de qualidade são o que realmente contam. “Nossa missão é fazer o cliente perceber os benefícios de investir um pouco mais. Quando ele reconhece o valor agregado e os benefícios de que pode desfrutar, o preço deixa de ser um obstáculo”, explica Cabral.

Essa constatação está em concordância com uma pesquisa publicada pelo Ministério do Turismo em julho de 2025. Ela mapeou mais de 19 milhões de brasileiros com características de consumidores turísticos ativos. O estudo, fundamentado em informações de 190 milhões de CPFs, revela que esse segmento é conectado digitalmente, apresenta elevado índice de credibilidade financeira, realiza aquisições virtuais regularmente e demonstra potencial para investir até R$ 2 mil por mês em atividades de entretenimento, desde que reconheça o valor agregado da vivência oferecida.

O novo perfil de viajante

“Atualmente, o consumidor chega bem informado e busca experiências que superem o tradicional”, sintetiza Erik. Essa mudança impacta desde a modalidade de turismo selecionada até o serviço oferecido. De fugas breves de final de semana a experiências vinculadas ao meio ambiente e à qualidade de vida, o brasileiro está investigando mais profundamente, solicita retornos ágeis e examina criteriosamente a excelência dos atendimentos, principalmente nas plataformas digitais.

Viagens cada vez mais personalizadas são a nova tendência do mercado. Erik pontua que o turista busca um tratamento diferenciado, o que exige habilidade, flexibilidade e interesse na experiência desse viajante por parte dos profissionais desse setor. “O mercado está caminhando para experiências sob medida, onde cada viagem é única e pensada especificamente para aquele cliente. O turista de hoje não quer mais pacotes padronizados. Ele busca um atendimento exclusivo, que reconheça suas preferências e necessidades individuais”. Ele também destaca o aumento na busca por destinos que se destacam pela presença robusta de elementos da natureza, onde o foco do turista são lugares aconchegantes e acolhedores.

Comodidade e honestidade pesam na decisão final

Outra mudança está nas demandas consideradas “extras”. Antes vistos como adicionais, benefícios como transportes de pets, conexão à internet durante o trajeto e pausas para registros fotográficos tornaram-se requisições habituais e consideradas fundamentais. Para o segmento acima dos 40 anos, comodidade representa elemento essencial. Automóveis amplos, climatização e assistência multilingue são fatores determinantes.

Dentre os principais erros das empresas do setor, Cabral destaca: comprometer-se além da capacidade real de execução, não esclarecer adequadamente os itens contemplados no pacote, demonstrar rigidez frente a situações especiais e desconsiderar os meios de comunicação preferidos pelos consumidores. “Se o cliente prefere interagir por mensagens, essa opção deve estar disponível. Se a preferência for e-mail ou ligação telefônica, também devemos oferecer. Cabe a nós nos ajustarmos às necessidades dele, e não o inverso.” Outro fator que, segundo Erik, merece destaque, é levar em consideração as pesquisas de opinião pública, uma vez que a reputação nos canais digitais pode influenciar na compra.

Para o CEO da agência Viagem com Estilo, a solução está no investimento em capacitação e treinamento. “Entender essas novas exigências por parte desse público e se preparar para atender essas expectativas é fundamental. É preciso estar o tempo todo se adaptando a essas mudanças, implementando técnicas que vão ao encontro dos desejos dos clientes, que estão cada vez mais exigentes”, conclui.