Especialistas explicam como viajar deixou de ser luxo e se tornou necessidade básica para o equilíbrio emocional e o bem-estar dos brasileiros
O ato de viajar, antes associado ao luxo e à exclusividade, vem ganhando um novo significado para os brasileiros: o de investimento em saúde mental, equilíbrio emocional e qualidade de vida. A movimentação do setor turístico reflete essa mudança cultural. Dados do Ministério do Turismo revelam que o setor movimentou R$ 230 bilhões em 2024. Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que 68% dos brasileiros já enxergam a viagem como parte essencial de uma vida mais plena.
Mais do que um descanso, as viagens têm sido vistas como oportunidade de reconexão consigo mesmo e com os outros. “O acesso à viagem como bem de consumo trouxe para o mercado a necessidade de viajar para ver se o que falam é verdade sobre o lugar. Nem que seja só para discordar”, afirma Erik Cabral, CEO da agência Viagem com Estilo.
A busca por experiências também reflete no crescimento do turismo internacional no Brasil. Entre janeiro e junho de 2025, o país recebeu mais de 5,3 milhões de visitantes. Isso sinaliza um movimento global que reforça o papel do turismo no bem-estar coletivo e individual.
Os benefícios de viajar
“Quando você viaja, você se afasta um pouco da rotina, do estresse, daquele dia a dia que muitas das vezes é pesado. Você está seguindo novos ambientes, outras culturas, se relacionando com outras pessoas, fazendo novas amizades, conhecendo novos lugares. Então viajar proporciona novas perspectivas e um aumento do bem estar, de uma maneira geral. Faz você estar com a cabeça afastada um pouco daquele estresse diário. E, com isso, automaticamente, alivia um pouco a mente até para poder melhorar a memória. Coisa que, nos dias atuais, o excesso de informação está prejudicando muito a nossa memória”, explica a psicóloga especialista em gestão de pessoas, Amanda Carvalhal.
Compreendendo a nova mentalidade do viajante moderno, 73% das agências de turismo adaptaram suas formas de pagamento. Oferecendo facilidades como parcelamentos em até 24 vezes e boletos bancários — práticas que democratizam o acesso à experiência de viajar. “Nosso carro-chefe hoje é o planejamento de longo prazo, pagamento sem comprometimento de limites por boleto bancário e a crescente busca de pessoas por grupos de viagem”, explica Cabral.
Estilo de vida
O desejo por pertencimento e socialização também cresce. Pesquisa da Booking.com aponta que 42% dos brasileiros que costumavam viajar sozinhos agora preferem fazer isso em grupo, buscando segurança e troca emocional. “Mesmo quem viaja solo, hoje também busca a companhia de grupos de viagem. Então, além do nosso cliente que precisa de grupo para viajar por conta da facilidade, hoje já existem pessoas habituadas a viajar que desejam viajar em grupo”, ressalta o CEO.
Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) reforça esse novo olhar. 54% dos brasileiros já consideram a viagem um item essencial no orçamento familiar, equiparando-a a investimentos em saúde e educação. “O perfil do viajante tem mudado muito, e o acesso à viagem se tornou uma nova modalidade de produto. A viagem sendo entendida como algo que acrescenta na qualidade de vida é quase como se estivessem tirando um produto da linha do supérfluo e graduado para necessidade básica”, conclui Cabral.
As projeções confirmam esse movimento. Segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), o setor deve crescer 8,5% em 2025, impulsionado pela consolidação das viagens como parte fundamental do bem-estar contemporâneo.
