Nova tecnologia prevê risco de infarto com anos de antecedência

Equipamento combina NIRS e ultrassom intravascular para identificar placas vulneráveis e antecipar eventos cardíacos com alta precisão

Já imaginou conseguir antecipar eventos cardíacos, como um infarto, por exemplo, com até 48 meses de antecedência? É o que uma nova tecnologia se propõe a fazer. Um equipamento que combina espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS) com ultrassom intravascular de alta definição (IVUS-HD), consegue “enxergar” as placas de gordura (lipídicas) que se acumulam nas artérias, permitindo avaliação simultânea da morfologia e composição química da placa aterosclerótica.

O sistema fornece uma imagem precisa e imediata da parede arterial e também revela a composição da placa, mesmo em áreas com cálcio ou com stents.

Como funciona?

“Quando o médico avalia a vulnerabilidade da placa, ele identifica o elo fisiopatológico entre a morfologia anatômica. Além do risco de eventos cardiovasculares futuros e integra a estrutura à biologia da aterosclerose. O que permite ao médico enxergar além da obstrução e compreender o potencial evolutivo da doença aterosclerótica”, destaca Hideo Kajita, cardiologista intervencionista.

Em segundos, o sistema gera um mapa químico codificado por cores (chemogram) que mostra onde está o acúmulo de gordura. E calcula automaticamente o Índice de Carga Lipídica (LCBI, de 0 a 1000) no segmento analisado. Ele também calcula automaticamente o Índice de Carga Lipídica (LCBI – Lipid Core Burden Index), um indicador que ajuda os médicos a definir o melhor plano terapêutico.

Batizada de “Makoto”, a tecnologia nasceu nos Estados Unidos, é comercializada no Brasil pela Nipro, empresa japonesa com atuação global. Estudos internacionais demonstraram associação entre alto índice de carga lipídica e aumento do risco de eventos cardíacos nos próximos 24 a 48 meses. O que torna o Makoto uma ferramenta de alto valor clínico no acompanhamento de pacientes com risco cardiovascular.

Diagnóstico que prevê infarto

Adotada em 64 países e em aprovação em mais 12, contribuiu para o diagnóstico de inúmeros pacientes. No Brasil, está disponível em hospitais como o Sírio-Libanês (SP), Santa Lúcia Sul (DF), Hospital Biocor BH (MG), Hospital do Coração de Duque de Caxias (RJ) e Hospital Beneficente de Belém (PA). No estudo LRP (Stone et al., JACC 2020), pacientes com LCBI ≥400 apresentaram risco aproximadamente quatro vezes maior de eventos cardíacos em até 24 meses. Um outro estudo, PROSPECT II, traz esse número de corte ainda menor, em 324, e evidencia uma alta chance de um evento em até 48 meses. Outros estudos, como PROSPECT II, PACMAN-AMI e PREVENT, reforçam o papel da imagem híbrida NIRS-IVUS na identificação de placas vulneráveis como uma ferramenta diagnóstica na identificação de pacientes de alto risco de eventos.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, cerca de 300 mil brasileiros sofrem infarto todos os anos. Além disso, as doenças cardiovasculares são responsáveis por aproximadamente 400 mil mortes anuais no país. A identificação precoce dessas placas pode permitir intervenções mais precisas e contribuir para a redução de eventos cardiovasculares.