Filhos ou pets? Eis a questão Filhos ou pets: Saiba por que cada vez mais pessoas preferem ter animais de estimação ao invés de ter filhos

Saiba por que cada vez mais pessoas preferem ter animais de estimação ao invés de filhos

Quando planejamos ter um filho é preciso colocar na ponta do lápis custos com alimentação, higiene, lazer, saúde, educação, dentre tantos outros. E com os pets não é diferente, eles também demandam atenção médica, precisam de uma dieta balanceada, mimos, brinquedos e ainda tem aqueles que até frequentam creche animal. Sejam filhos humanos ou de quatro patas é preciso ter planejamento financeiro, pois uma coisa é certa: os gastos virão.

Cães e gatos são os prediletos

Não é uma troca de fato, mas cada vez mais brasileiros estão preferindo ter animais de estimação ao invés de filhos. De acordo com a pesquisa Radar Pet, realizada pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), mais de 37 milhões de domicílios possuem algum pet, e em sua maioria cães ou gatos. São mais de 54 milhões de cachorros e quase 30 milhões de gatos, das mais variadas raças. Ou seja, em território brasileiro, existem aproximadamente 84 milhões de animais de companhia. O Brasil só perde para os Estados Unidos, que tem mais de 135 milhões.

Já quando se fala em filhos, segundo o IBGE, a taxa de fecundidade no Brasil caiu de 6,16 nascimentos por mulher em 1960 para 1,74 em 2020. Ficando abaixo do nível de reposição populacional, que é de 2,12. Ao mesmo tempo, o número de pets no país cresceu 65% entre 2009 e 2019, segundo o Instituto Pet Brasil.

A tendência é econômica de fato?

O economista Ricardo Júlio, líder de Capital Markets na Crowe Macro Auditores e Consultores, fala que, ao contrário dos filhos, os pets nunca vão frequentar escolas ou faculdades. “Quando falamos de capacitação, a despesa pesa mais para pais de filhos. Mesmo assim ainda existem casais que são pais de pets e de crianças. A escolha pode ser talvez uma questão de prioridades temporais, onde naquele momento da vida o casal está ‘construindo seu pé-de-meia’ e é mais prático ter um pet e deixar a procriação para um momento de mais maturidade, tanto pessoal quanto financeira”, explica.

Entretanto, Júlio conta que as despesas com os pets podem também ser muito altas. “Dependendo do que o dono escolhe proporcionar para o animal e as necessidades que ele pode ter, os custos anuais chegam até oito mil reais. Se formos avaliar que uma criança precisa comer, vestir, estudar, ter acesso à saúde e lazer os gastos certamente triplicam em relação aos animais de estimação”, analisa.

Mãe de pet por amor

A empreendedora Priscila Queiroz, teve animais ao invés de filhos por opção. “Eu só tive cachorros ao longo da minha vida e os que infelizmente perdi, como minha última cachorrinha, a Lupita, foram por velhice. Gasto com eles sem olhar muito o valor, até brinco falando na roda de amigos que prefiro comprar o shampoo mais caro para os meus animais do que para mim mesma. Tenho uma relação de amor com eles fora do normal”, conta.

Priscila acredita que não é só o fator econômico que faz com que as pessoas optem pelos animais ao invés dos filhos. “Acredito muito que é uma escolha relacionada ao desejo da pessoa não querer ter filhos ou não poder ter. Não é pura e simplesmente economia, e sim mais uma questão de afeto com o animal. Filhos são para sempre, infelizmente, os animais não”, lamenta.

Livre de alienação, relação com os pets é positiva

Para o psicólogo, Igor Téuri, do Núcleo de Apoio Psicopedagógico da Newton Paiva, não há nada de errado em ter animais e tratá-los bem, desde que isso não se torne uma forma de alienação, isolamento, substituição, negação ou fuga da realidade. “Os pets são ótimos companheiros, mas não podem ser os únicos. As pessoas precisam cultivar também os vínculos humanos, que são essenciais para o bem-estar, o crescimento, a realização e a felicidade de todos”, afirma.

De acordo com o especialista, ter um animal pode ser uma experiência muito positiva e enriquecedora, desde que haja um cuidado ético e afetivo. “Além disso, é importante que as pessoas não usem seus pets como subterfúgio para fugir do convívio com outras pessoas. Somos seres sociais, e são as relações humanas que podem oferecer outras formas de amor, apoio, aprendizado, crescimento
etc. É muito importante termos uma rede de apoio, que pode ser composta por família, amigos, colegas e profissionais”, reforça.