Pressão arterial de 12 por 8 agora é considerada alta! A pressão alta é a condição crônica mais comum no mundo todo!

Alterações nas diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia reforça a importância de redobrar os cuidados com o controle da pressão arterial

Quem nunca se tranquilizou ao aferir a pressão arterial e verificar que o resultado estava 120 por 80 mmHg, popularmente conhecido como o 12×8? Esses números sempre representaram a certeza de que a saúde estava em dia, entretanto, com as as alterações nas diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia sobre o que é classificado como hipertensão, agora isso mudou!

Novos estudos, novas regras

Por muito tempo, uma pressão arterial que indicava 120 por 80 mmHg, era considerada normal. Mas agora isso mudou com as novas diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia. Ou seja, uma pressão arterial entre 12 por 7 e 13 por 8 já é considerada elevada.

Números que superam 14 por 9, por sua vez, se enquadram como hipertensão. “A hipertensão, mais comumente chamada de pressão alta, é a condição crônica mais comum no mundo todo”, explica Deborah Beranger, endocrinologista com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ). De acordo com ela, a pressão alta é um grande fator de risco para doenças cardíacas. “Afeta um bilhão de pessoas e é responsável por uma em cada oito mortes a cada ano.”

Mais do que nunca, é preciso redobrar os cuidados para o controle da pressão arterial.

Sal: o inimigo da pressão alta

Segundo Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, a primeira orientação alimentar, quando se trata de controlar a pressão arterial, é reduzir a ingestão de sal e os alimentos que contenham grandes concentrações de sódio. “O sódio, presente no sal, é um micronutriente que realiza a função de controlar as funções renais, a pressão arterial e os impulsos nervosos”, indica.

E ela reforça os malefícios do sal. “Há evidências comprovadas de que o excesso desse micronutriente pode alterar a pressão arterial sanguínea e outras funções do organismo, levando ao desenvolvimento de hipertensão, doenças cardiovasculares e até mesmo a morte”, alerta a especialista. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o consumo de sal não ultrapasse 5 gramas por dia, o que equivale a aproximadamente 2 gramas de sódio.

“Retirar o saleiro da mesa e diminuir o consumo de fast foods e produtos embutidos, enlatados e industrializados são medidas fundamentais no controle da hipertensão arterial”, acrescenta a médica nutróloga.

Alimente-se bem e evite a hipertensão

Uma dieta saudável para o coração e para o controle da pressão arterial vai muito além da redução da ingestão de sódio. “O consumo de alimentos antioxidantes, com alto teor de fibras e ricos em compostos bioativos hipotensores, pode ajudar a reduzir os níveis pressóricos”, diz Garcez. Ela destaca principalmente o potássio como um grande aliado contra a hipertensão. 

“O potássio ajuda a equilibrar os níveis de sódio no corpo, pois auxilia os rins a excretarem o excesso desse micronutriente pela urina. Além disso, ainda promove o relaxamento das paredes dos vasos sanguíneos, melhorando o fluxo do sangue e ajudando a reduzir a pressão nas artérias”, diz a médica.

Dessa forma, para controlar a pressão, a nutróloga recomenda a ingestão de alimentos pobres em sódio e ricos em potássio, magnésio e fibras. “Banana, abacate, laranja, batata doce e espinafre são exemplos de alimentos ricos em potássio, então ajudam a equilibrar os efeitos do sódio”, diz.

O potássio também está presente em leguminosas, como feijões e ervilha, que ainda contêm fibras, assim como os cereais integrais, ajudando assim na manutenção de níveis saudáveis de pressão arterial. “Já o magnésio pode ser encontrado nas oleaginosas como nozes, amêndoas e sementes de linhaça”, destaca a médica.

Garcez recomenda o consumo de peixes marinhos gordurosos, incluindo sardinha e salmão, que, por serem ricos em ômega-3, ajudam a relaxar os vasos sanguíneos. “E o alho e a cebola também possuem compostos bioativos com a funcionalidade de ajudar na dilatação dos vasos sanguíneos”, acrescenta.

A dieta certa para a pressão alta

Existe uma dieta desenvolvida especificamente para prevenir e tratar a pressão alta: a dieta DASH, que tem foco em vegetais, frutas, grãos integrais, laticínios com baixo teor de gordura e proteínas magras, enquanto desencoraja o consumo de alimentos com gorduras saturadas e trans.

Pesquisas mostraram que pessoas que seguem a dieta DASH podem reduzir sua pressão arterial em alguns pontos em apenas duas semanas. “Com o tempo, a pressão arterial sistólica (o número mais alto em uma leitura de pressão arterial) pode cair de oito a 14 pontos, o que reduz significativamente o risco de doença cardiovascular. Os efeitos positivos para a saúde podem ser ainda maiores se o DASH for combinado com uma dieta com baixo teor de sódio”, explica Beranger.

Alimentação: o remédio no prato

Os efeitos da alimentação são maiores em pessoas com hipertensão ou pressão arterial mais alta na linha de base, o que é comparável a medicamentos anti-hipertensivos. “Os resultados de estudos reforçam que intervenções dietéticas podem ser úteis como medicamentos anti-hipertensivos em pessoas com maior risco de pressão arterial alta. Por isso, deve ser uma opção de tratamento de primeira linha de rotina para tais indivíduos”, acrescenta

Evidências ainda mostraram que a dieta DASH também é altamente eficaz na redução do colesterol no sangue. “O maior consumo de fibras, provenientes de vegetais e frutas, e a redução do consumo de gordura saturada explicam os benefícios da dieta na redução do colesterol no sangue”, diz a endocrinologista. Claro, uma dieta individualizada, portanto, com acompanhamento médico e nutricional é sempre o melhor caminho. “Temos fortes evidências que colocar em prática esse tipo de padrão alimentar traz benefícios para pacientes com síndrome metabólica, incluindo, além de hipertensão arterial, obesidade, resistência à insulina e níveis alterados de colesterol e triglicérides no sangue”, finaliza Beranger.