Para atletas, a atividade física é profissão. A rotina exaustiva de treinos inclui uma série de cuidados específicos, além de acompanhamento com uma equipe de saúde que cuida de sua nutrição, condicionamento físico, muscular, ósseo e cardiovascular. Mas segundo o médico Amilton Macedo, especialista multidisciplinar em Medicina Preventiva, Dermatologia, Nutrologia, Tricologia e Oxidologia, a pele também precisa de atenção.
A pele do atleta é diferente?
Segundo Macedo, a pele do atleta não apresenta diferenças estruturais, além dos fatores que já afetam não-atletas como a idade. No entanto, o médico destaca que os profissionais de alta performance passam muitas horas por dia em treinamento, o que eleva seus níveis de radicais livres, que consequentemente, promovem o envelhecimento precoce e reduzem drasticamente seu percentual de gordura.
“Atletas geralmente possuem uma redução do tecido adiposo, que fica abaixo do músculo. Por isso que, principalmente no rosto, às vezes tem aquele aspecto mais envelhecido. No corpo, com a hipertrofia muscular [aumento dos músculos por sobrecarga], ele acaba distendendo um pouquinho a pele”, destaca Amilton.
A gordura, junto ao colágeno e a elastina, é um dos fatores que estrutura a pele, mantendo-a firme. Com menor percentual, segundo o médico, atletas têm uma maior tendência à flacidez.
O potencial da bioestimulação de colágeno
Para conter os danos causados pela prática excessiva de esportes, o dermatologista diz que os atletas podem precisar mais cedo de tratamentos que recuperam a firmeza na pele, como os bioestimuladores de colágeno, que são nada mais do que a aplicação de enzimas nas camadas superficiais da pele, para aumentar a produção de colágeno em locais como rosto e pescoço.
“Quando você aplica bioestimuladores nessas regiões em que há maior flacidez, você melhora a produção do colágeno. Costumo fazer o Radiesse, que é uma linha de bioestimuladores de colágeno composta de hidroxiapatita de cálcio, substância que pode ser encontrada em ossos e dentes. O tratamento atua em todas as camadas da pele e reativa os fibroblastos, células que com o passar dos anos se tornam inativas e são responsáveis pela produção de colágeno porque existem estudos que mostram que ele melhora a densidade da pele, o que é importante para esse público. No geral, são necessárias de uma a três sessões por região, a depender do tamanho da área tratada”, afirma.
Cuidados diários
Amilton Macedo também destaca que, em algumas modalidades, atletas de alta performance estão sujeitos à exposição solar excessiva, o que amplia a necessidade de cuidados para evitar, inclusive, doenças de pele, como o câncer. Protetores solares específicos, que são resistentes à água e ao suor, são mais indicados para as longas horas de atividades de impacto. A reaplicação, recomendação que vale para todas as pessoas, é ainda mais importante para esse público.
“É importante que os atletas, antes de se exporem ao sol, usem algum produto que tenha uma ação hidratante, mas principalmente antipoluente e antioxidante, porque o sol vai liberar radicais livres na pele. O médico pontua que devemos aplicar esses produtos antes do protetor, o que reduz os efeitos do envelhecimento precoce.
Os hidratantes antipoluentes e antioxidantes são peças-chave do skincare do atleta durante o dia. À noite, o médico explica que é preciso complementar a rotina de cuidados incluindo reposição de nutrientes e produtos anti-aging, aplicados antes de dormir. Para esse público, ácidos, como o retinol, não são indicados. A combinação dessas substâncias com a alta exposição solar pode irritar a pele e causar alergias.
Modalidades diferentes, peles diferentes
Amilton explica que, além dos esportes praticados em ambientes abertos com maior exposição ao sol, outras modalidades podem gerar efeitos diferentes na pele. Para esportes marítimos, como o surf, o contato frequente com a água salgada tem um saldo positivo. Segundo o médico, estudos destacam que a alta concentração de cloreto de sódio, iodo, zinco e magnésio na água do mar melhoram a imunidade da pele e reduzem o risco de alergias.
Esportes que geram maior impacto nas articulações, como vôlei, basquete e triatlo, acabam afetando mais o rosto, culminando em maior flacidez facial do que corporal. No entanto, o médico destaca que a reposição de antioxidantes é uma regra geral para todos os atletas, pois vai minimizar a extensão pró-inflamatória que os radicais livres fazem na pele.
Para personalizar o tratamento de acordo com o impacto e estado da pele, o médico costuma indicar produtos manipulados para seus pacientes. Com diferentes concentrações de ativos, os produtos se adequam melhor às necessidades específicas de cada paciente. Entram na conta a modalidade praticada, idade e qualidade atual da pele, por exemplo.
O especialista também explica que o acompanhamento frequente é fundamental para os profissionais de atividades esportivas. “Se for um atleta que se expõe mais ao sol, ele deve vir na clínica duas vezes por ano para fazer uma dermatoscopia. Mas, somente se ele tiver alguma lesão. Se o atleta faz esporte e não fica no sol direto, ele precisa vir na clínica para fazer o exame da pele uma vez por ano”, finaliza.