A seletividade alimentar em pessoas com TEA Foto: Pixabay

Sabe-se que algumas pessoas autistas têm dificuldade em realizar mudanças de comportamento ou de rotina. E isso pode afetar até mesmo a alimentação. Há casos de pessoas com TEA que, quando vão se alimentar em locais fora do habitual ou com talheres diferentes podem sofrer um grande estresse e se recusar a comer. Estas características, juntamente com a dificuldade de aceitar novos alimentos, é chamada de seletividade alimentar. Tamires Oliveira, nutricionista especialista em introdução alimentar, Seletividade  Autista e TDHA, responde às perguntas mais comuns sobre o tema.

O que é seletividade alimentar em pessoas com TEA?

Caracteriza-se pela recusa em experimentar novos alimentos. Ela possui um pequeno repertório de alimentos aceitos (geralmente entre 5 ou 10 alimentos). E não realiza as refeições em horários e locais diferentes e até mesmo apresenta resistência à apresentação de pratos e talheres novos.

Por que essa característica é comum em autistas?

Problemas de processamento sensorial são comuns em indivíduos com autismo. Por isso, devido ao transtorno, os indivíduos autistas são impactados negativamente em suas rotinas diárias. Como a hipersensibilidade a texturas, cheiros, temperaturas ou cores têm grande impacto na decisão de uma criança de comer ou não, pode ocorrer seletividade ou até mesmo a aversão alimentar.

Como identificar se a criança tem essa característica? 

Crianças com TEA geralmente expressam uma forte preferência alimentar desde a introdução alimentar. Por isso, é importante estar em acompanhamento com um nutricionista infantil especializado em seletividade alimentar para o diagnóstico precoce e garantir qualidade de vida à criança e sua família.

Existe algum sabor ou alimento que seja especificamente afetado pela seletividade alimentar? 

Crianças com seletividade alimentar em geral exclui principalmente o grupo das frutas, legumes e verduras, dando preferência aos alimentos mais saborosos (como batata frita, nuggets, pizza).

Por que a seletividade alimentar é confundida com mau comportamento?

Além do autismo, podem existir outras condições médicas que afetam os hábitos alimentares de uma pessoa e, como consequência, seus hábitos alimentares também afetam sua saúde de uma maneira geral. Mas é necessário entender que o ato de comer pode não ser confortável ao autista.

É possível reverter essa condição para que seja possível consumir todos os alimentos necessários à saúde?

Sim, a hipersensibilidade alimentar, atrelada à seletividade sensorial, afeta o estado de saúde do indivíduo dentro do espectro. O fato altera as escolhas que eles fazem dos alimentos, podendo resultar em uma baixa ingestão alimentar. A terapia alimentar é uma técnica utilizada como principal ferramenta para o solucionar o problema. Trata-se de uma abordagem que visa ressignificar a alimentação, aproximando a criança da comida, por meio de ações que geram habilidades e oferecem estímulos sensoriais, trazendo conforto e familiarização com novos sabores.