Equidade de gênero nas empresas: a importância de políticas inclusivas para mulheres

Março é um mês emblemático, que por ser o mês do Dia Internacional da Mulher, reforça também a luta pelos diretos da equidade de gênero. O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, surgiu em 1908, quando 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto, e um ano depois, o Partido Socialista da América declarou o primeiro Dia Nacional das Mulheres, mas, mais de um século depois, o Brasil ainda enfrenta desafios profundos. Dados do Fórum Econômico Mundial revelam que o país ocupa a 57ª posição no ranking global de igualdade de gênero, com mulheres recebendo, em média, 22% menos que homens em funções equivalentes, podendo chegar em 52% essa diferença.

O desafio da equidade entre homens e mulheres

Embora as mulheres representem 63% das vagas no ensino superior, segundo o IBGE, a presença feminina em cargos de liderança ainda é tímida. Apenas 18% dos CEOs são mulheres. Para Marina Kim, conselheira certificada pelo IBGC e fundadora da Lis Solutions Consultoria, o problema vai além dos números. “Equidade não é só incluir mulheres em planilhas, mas garantir que elas tenham acesso a redes de apoio, mentoria e políticas que combatam discriminação estrutural”, afirma.

Com quase duas décadas de experiência em governança corporativa, Marina une teoria à prática. À frente de projetos de impacto social como a plataforma Orere, que conecta atletas e projetos sociais a pessoas e empresas patrocinadoras, mentora do Beco Visceral de Paraisópolis, formadora do Programa Poder de Escolha do GENERAS/ FEU-USP que forma mulheres periféricas, ela defende que “é preciso desconstruir vieses estruturais que afastam mulheres de setores estratégicos, como finanças e tecnologia”. Seu trabalho inclui desde a formação de conselheiras até a implementação de métricas de diversidade em empresas.

As empresas precisam colaborar

A especialista, que também coordena iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) no IBGC, aponta a governança como aliada. “Empresas com equipes diversas são 21% mais lucrativas, segundo a McKinsey. Mas só 34% divulgam dados sobre igualdade salarial”, destaca. Para ela, métricas transparentes e metas claras são essenciais: “Sem isso, não há como medir progressos ou cobrar mudanças”, ainda mais perante os acontecimentos atuais.

O caminho para a equidade, porém, esbarra em barreiras culturais, e por isso, Marina enfatiza a importância de líderes femininas atuarem como mentoras. “Quando mulheres alcançam posições de poder e estendem a mão para outras, criamos um ciclo virtuoso de reconhecimento e pertencimento”, explica. Na Lis Solutions, ela lidera programas que combinam habilidades técnicas como gestão financeira com competências humanas, pois acredita que não existe mais espaço para a dissociação entre objetivos estratégicos, metas de performance e políticas de DE&I. Todos esses escopos precisam caminhar juntos em um plano estruturado e claro, para que a corporação alcance o sucesso sustentável.

Em um país onde 48% das mulheres já relataram assédio no ambiente profissional, segundo pesquisa do LinkedIn, Marina reforça que o Mês da Mulher deve ser um catalisador de ações concretas. “Não basta celebrar. Empresas precisam revisitar políticas de contratação, promover salários justos e combater assédio. Equidade não é gasto: é investimento em pessoas, em diversidade, resiliência e potência, que resulta em um futuro mais produtivo, equânime e justo”, finaliza.