Fisioterapia melhora saúde física e mental de pacientes oncológicos Especialista aponta que o tratamento com fisioterapia pode contribuir para recuperar movimentos limitados pela doença

Especialista aponta que avaliação biomecânica e tratamento com fisioterapeuta pode contribuir para ‘reprogramar’ o cérebro e recuperar movimentos limitados pela doença

Um estudo polonês publicado no Frontiers in Psychiatry aponta que a fisioterapia e as atividades físicas são fatores essenciais para o tratamento de pacientes oncológicos. O artigo reforça que a individualização dos programas de fisioterapia tem um efeito positivo na melhora do paciente. 

De acordo com o estudo, pacientes em estágios avançados de câncer devem receber programas que incluem aconselhamento e um programa individualizado de exercícios. Essa abordagem de tratamento contribui consideravelmente para a saúde mental, melhorando o estado somático e psicológico dos pacientes.

Benefícios da fisioterapia

Os benefícios físicos também desempenham um papel essencial na recuperação de quem luta contra o câncer e merecem destaque neste 8 de abril, Dia Mundial de Luta Contra o Câncer. A fisioterapeuta Juliana Thomé, mestre em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo, explica que, ao realizar uma avaliação biomecânica individualizada e aplicar um tratamento adequado, é possível “reprogramar” o cérebro e recuperar os movimentos que a doença limitou, seja como consequência da quimioterapia ou de possíveis cirurgias.

“A fisioterapia traz qualidade de vida e independência ao paciente. Diante das sequelas trazidas pelo tratamento oncológico, o tratamento especializado e individualizado traz de volta as funcionalidades perdidas. Assim, o paciente vê que está conseguindo fazer suas atividades e passando a não depender de ajuda. Isso traz benefícios psicológicos diretos e auxilia no processo de recuperação”, explica Juliana.

A neurocientista reforça que é preciso o acompanhamento e a liberação do oncologista, que deve realizar o tratamento em conjunto com o fisioterapeuta, observando as restrições para cada caso. “Todo tipo de atividade física libera endorfina, o que contribui para a saúde mental e a recuperação do paciente. Contudo, os cuidados devem ser observados e atividades de alta intensidade não são indicadas para estes casos”, alerta.

Reprogramando o cérebro

A especialista explica que, quando um paciente passa por uma cirurgia ou enfrenta uma dor intensa, é comum que o corpo faça uma compensação postural para amenizar o incômodo. Vários sistemas sensoriais podem ser afetados por tratamentos medicamentosos e cirurgias, gerando má postura e, consequentemente, mais dores.

“É preciso olhar para a postura e para o movimento e avaliar como é possível adequar o corpo para que essa compensação natural não cause outras dores. Uma avaliação biomecânica realizada por um fisioterapeuta pode identificar essas alterações, realinhar o corpo e amenizar o desconforto físico durante o tratamento oncológico. Com isso, o paciente pode evitar e reduzir dores musculares, articulares e ter menos limitações de movimento”, detalha a neurocientista.