
Pacientes devem buscar médicos especialistas no assunto para entender a extensão das lesões e verificar opções personalizadas de tratamento
Receber o diagnóstico de endometriose pode trazer um misto de alívio e preocupação. Afinal, muitas mulheres convivem por anos com dores incapacitantes sem saber a causa, e finalmente ter um nome para o que sentem representa o início do tratamento adequado. No entanto, com o diagnóstico, surgem dúvidas: o que fazer agora? Quais são as minhas opções? Como lidar com os impactos físicos e emocionais dessa condição?
O que é a endometriose?
A endometriose é uma doença crônica que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela ocorre quando o tecido que reveste o útero, chamado endométrio, cresce fora dele, podendo atingir ovários, trompas, intestino e bexiga. Os sintomas variam, mas os mais comuns incluem cólicas menstruais intensas, dor pélvica crônica, dor durante as relações sexuais e, em alguns casos, dificuldade para engravidar.
Primeiro passo após o diagnóstico
O primeiro passo após o diagnóstico é buscar um especialista em endometriose, pois nem todos os ginecologistas têm experiência nessa área. Um médico familiarizado com o assunto poderá indicar exames complementares, como ressonância magnética, para avaliar a extensão das lesões.
Quanto ao tratamento, as opções variam conforme a gravidade da doença e os objetivos da paciente. Em muitos casos, medicamentos são usados para aliviar a dor e reduzir a progressão da endometriose; em situações mais avançadas, a cirurgia por laparoscopia pode ser indicada para remover os focos da doença. Qualquer que seja o estágio, abordagens multidisciplinares são fundamentais para melhorar a qualidade de vida.
“O diagnóstico precoce e um tratamento personalizado são importantes para evitar complicações. Muitas pessoas acham que sentir dor é normal, mas, se as cólicas são tão fortes a ponto de impedir atividades cotidianas, é preciso investigar. Quanto antes a endometriose for diagnosticada, maiores as chances de controlar os sintomas, garantir uma melhor qualidade de vida e preservar a fertilidade da paciente, quando desejada”, explica o Dr. Patrick Bellelis, ginecologista especializado em endometriose e colaborador do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Apoio é fundamental
A endometriose é uma condição sem cura, mas pode ser controlada, permitindo que as mulheres tenham uma vida ativa e saudável. O mais importante é não subestimar os sintomas, buscar informações de qualidade e contar com uma rede de apoio de confiança, seja de médicos, familiares ou outras mulheres que enfrentam o mesmo desafio.
“Psicoterapia, grupos de apoio e terapias integrativas são recursos importantes no manejo emocional da endometriose. Mas o controle dos sintomas começa com o entendimento da doença junto ao médico e com cuidados consistentes com o corpo — como alimentação adequada e atividade física regular”, complementa o médico.