“Estranho jeito de amar”: Rodrigo Tardelli comenta websérie Créditos - Julio Andrade

Representatividade, dependência emocional, desejo de mudança… Esses são só alguns dos temas abordados pela série dramática Estranho Jeito de amar, produzida pela Bera Play Produções, que, após mais de oito milhões de views na temporada de estreia, retornou em abril para sua segunda parte, lançada no YouTube.

A trama conta a história de Gael (Rodrigo Tardelli, que também idealizou o projeto) e Noah (Allan Ralph), que, logo após se conhecerem, tornam-se inseparáveis. Infelizmente, Noah logo percebe que essa não é uma simples história de amor, e esse drama o perseguirá na segunda temporada. A MALU conversou com Rodrigo sobre a importância de histórias que abordem relações tóxicas e o que o público pode esperar para o futuro da produção. Confira!

Quando a websérie começou, imaginava esse sucesso?

Sabíamos que tínhamos uma história potente, mas confesso que a forma como o público abraçou a série superou qualquer expectativa. Eu sempre acreditei no poder da narrativa, mas ver milhões de pessoas se conectando, se emocionando e debatendo cada capítulo foi surpreendente e gratificante. Acredito que o sucesso veio porque tratamos de temas reais e necessários, e fomos surpreendidos pela quantidade de mensagens de pessoas que se sentiram representadas e até ajudadas pela história. Essa conexão com o público é o que nos move.”

O que foi mais desafiador: criar o Gael ou interpretá-lo?

Criá-lo foi um mergulho profundo na complexidade humana, mas interpretá-lo foi, sem dúvida, o maior desafio. Levar para a cena um personagem que transita entre o amor obsessivo e a vulnerabilidade exigiu um comprometimento emocional imenso. Eu precisei entender as camadas desse homem para não estigmatizá-lo, mas sim expor suas dores, suas sombras e, ao mesmo tempo, sua busca distorcida por afeto. É doloroso e libertador ao mesmo tempo.”

Qual a maior reflexão que essa temporada traz ao público?

“Os limites do amor. Até que ponto estamos dispostos a abrir mão de nós mesmos em nome de um relacionamento? Será que, ao tentar salvar o outro, não estamos nos perdendo? Queremos que o público se questione sobre os sinais de uma relação abusiva, como a dependência emocional pode nos cegar e, principalmente, sobre como é possível encontrar a força necessária para recomeçar.”

Com temas tão intensos, como a equipe lidou com o emocional durante as gravações?

“Foi uma entrega total, mas sempre com muito respeito e cuidado. Criamos um ambiente acolhedor nos bastidores, onde os atores e toda a equipe técnica podiam respirar entre as cenas e falar sobre o que estavam sentindo. Eu acredito que isso foi fundamental para manter a saúde emocional de todos e, ao mesmo tempo, entregar um trabalho tão visceral.”

A relação entre os dois protagonistas chega a ser tóxica. Ainda há chance para o casal Gael e Noah?

Essa é uma pergunta que o público faz o tempo todo, e acho que isso mostra o quanto a história está viva. Costumo dizer que um final feliz depende de escolhas conscientes e do reconhecimento das próprias feridas. Eles vivem um relacionamento marcado por excessos, mas também por um amor intenso. Se vão conseguir transformar isso num caminho de cura, só acompanhando para descobrir. Mas posso garantir: a história deles ainda tem muitas reviravoltas emocionantes.”


Ana Carvalho

Repórter de revista e portal na Editora Alto Astral. Bacharela em jornalismo e pós-graduada em Comunicação e Mídia pela Universidade...