Tadalafila nas academias: o perigo por trás do “pump perfeito” Embora o efeito vasodilatador da tadalafila pareça inofensivo, o uso indevido da substância pode causar diversos problemas à saúde

Cada vez mais presente na rotina de treinos, o uso indiscriminado da tadalafila tem preocupado médicos. Entenda os reais riscos à saúde e descubra caminhos seguros para conquistar o corpo ideal

Nos bastidores das academias, uma nova prática vem ganhando força e gerando preocupação entre profissionais da saúde. A tadalafila, medicamento originalmente indicado para o tratamento da disfunção erétil e da hipertensão pulmonar, passou a ser utilizada por alguns praticantes de musculação como parte da rotina pré-treino. Administrada antes das sessões de exercício, a substância tem sido promovida informalmente como um “reforço” para a performance, graças ao seu efeito vasodilatador. No entanto, o que pode parecer inofensivo — ou até vantajoso — esconde riscos sérios. Afinal, até onde é seguro ir na busca pelo corpo ideal?

Por que a tadalafila virou “febre” no pré-treino?

O principal motivo está no efeito vasodilatador da substância. Ao aumentar o calibre dos vasos sanguíneos, a tadalafila pode potencializar o fluxo de sangue para os músculos, o que gera uma sensação de maior disposição e até um aspecto mais volumoso na musculatura.

O médico João Marcelo Vilanova, pós-graduado em medicina do exercício e do esporte da clínica Medicina Esportiva e Ortopedia (MEO), explica que o uso do medicamento pode causar a sensação de mais força, vascularização e o famoso “pump” — aquele inchaço muscular momentâneo que muitos associam a bons treinos e resultados rápidos. “Tudo isso, somado ao mito de que melhora a performance e acelera os resultados estéticos, transformou o medicamento na grande aposta de alguns influenciadores fitness. Mas o uso sem orientação médica é perigoso e pode trazer consequências sérias”, alerta.

Os riscos são reais

João Marcelo reforça que, embora o efeito vasodilatador da tadalafila pareça inofensivo, o uso indevido da substância pode causar diversos problemas à saúde. “Esse medicamento não foi desenvolvido para uso contínuo em pessoas saudáveis, muito menos com finalidades estéticas ou de melhora de desempenho físico. Seu uso indiscriminado pode provocar queda de pressão arterial, mal-estar e até desmaios durante o treino. Há ainda o risco de sobrecarga cardíaca, especialmente em treinos de alta intensidade ou em pessoas com predisposição a doenças cardiovasculares. Cefaleia intensa, dores musculares, congestão nasal e desconfortos gástricos também podem surgir como efeitos colaterais”, destaca o médico.

Como alcançar o corpo desejado com segurança?

Segundo João Marcelo, o ganho de massa muscular e a definição corporal dependem de três pilares fundamentais: treinamento consistente, alimentação adequada e descanso suficiente. Ele destaca estratégias seguras e eficazes para alcançar os objetivos de forma saudável:

  • Treinos personalizados, com orientação de um profissional de educação física.
  • Alimentação ajustada ao objetivo, com acompanhamento de um nutricionista esportivo.
  • Suplementação legalizada e segura, como creatina e whey protein, quando necessário.
  • Sono de qualidade, essencial para a recuperação e crescimento muscular.
  • Avaliações médicas regulares, especialmente para quem treina com alta intensidade ou faz uso de qualquer suplemento.

João Marcelo deixa um alerta importante: “O corpo ideal deve ser, antes de tudo, funcional e saudável. Medicamentos não são atalhos — são ferramentas clínicas. Usá-los fora do contexto adequado é assumir riscos sérios, muitas vezes silenciosos. Na dúvida, a melhor receita continua sendo: boa orientação, consistência e respeito aos limites do próprio corpo”, finaliza o médico pós-graduado em medicina do exercício e do esporte da clínica Medicina Esportiva e Ortopedia (MEO).