
A cantora Lady Gaga fez um show apoteótico na praia de Copacabana no último dia 3, que entrou para a história como a maior apresentação em público da artista em toda a sua carreira.
Porém, como os seus fãs bem sabem, um dos motivos para a apresentação ter sido tão especial foi a espera. Em 2017, Gaga estava confirmada como uma das grandes estrelas do Rock In Rio, mas o sonho virou um pesadelo quando, faltando poucos dias para o show, ela precisou cancelar as pressas por culpa da fibromialgia, uma doença sem cura que causa dores fortíssimas no paciente. “Brasil, estou devastada” admitiu a artista em seu perfil no X (antigo Twitter) após o cancelamento. Seguiu-se então uma espera de mais de uma década por um novo show da cantora em terras brasileiras, que finalmente acabou em 3 de maio.
Mas afinal, o que é fibromialgia, quais os sintomas e como lidar com essa condição? Para esclarecer essas questões, a MALU conversou com a Doutora Cristiane Castedo, médica reumatologista do Hospital São Francisco de Mogi Guaçu, que reuniu as principais informações sobre a doença em um artigo exclusivo. Confira os detalhes!
As dores da fibromialgia não são exagero
Trata-se de uma doença crônica que causa dores no corpo inteiro, além de outros sintomas que podem interferir bastante na qualidade de vida do paciente. Embora ainda pouco compreendida por muitos, ela é real e afeta milhões de pessoas no mundo, principalmente mulheres. Entretanto, pode ser controlada com o tratamento adequado.
O paciente com Fibromialgia pode sentir dor generalizada e sensibilidade em várias partes do corpo, mesmo sem alteração no exame físico ou em exames laboratoriais. O corpo da pessoa com fibromialgia sente dor de forma amplificada. Costumo explicar para o paciente que é como ter dentro do cérebro dele um amplificador de guitarra, onde um pequeno estímulo é amplificado e transformado em um estímulo muito doloroso. Isso acontece por uma alteração na forma como o cérebro e o sistema nervoso processam esses estímulos.
A Fibromialgia não causa deformidades e nem é uma doença progressiva, mas pode trazer muito desconforto e cansaço se não for tratada corretamente.
Os sintomas vão além das dores
Os principais sintomas são: dor muscular em várias partes do corpo; cansaço excessivo mesmo após dormir bem; distúrbios do sono, como sono leve, não reparador (acorda cansada); dificuldade de concentração e lapsos de memória, chamado de “fibrofog”. Além desses, podem haver formigamentos nas mãos e pés; sensibilidade aumentada ao toque; ansiedade e depressão; dores de cabeça; cólicas intestinais; entre outros. Esses sintomas podem variar de pessoa para pessoa e também ao longo do tempo. O estresse, o frio e o esforço físico exagerado podem piorar os sintomas ou desencadear uma crise de Fibromialgia.
Não existe uma forma garantida de prevenir a Fibromialgia, pois suas causas exatas ainda não são totalmente conhecidas. No entanto, manter uma rotina saudável pode ajudar a reduzir a chance de crises de dor e controlar os sintomas. Dormir bem, com uma boa higiene do sono, incluindo horários regulares de sono, praticar exercícios físicos leves ou moderados, controlar o estresse e a ansiedade, evitar o sedentarismo e o excesso de trabalho e ainda trabalhar a inteligência emocional podem ajudar no dia a dia.
Fibromialgia não tem cura, mas tem tratamento
A Fibromialgia não tem cura, mas pode ser controlada. Com uma combinação de tratamentos é possível aliviar a dor e a melhorar a qualidade de vida. O tratamento geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, com médicos, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos.
O tratamento não medicamentoso inclui exercícios físicos regulares. Alguns exemplos são caminhada, hidroginástica, pilates, yoga, Tai Chi Chuan, terapias psicológicas, especialmente a terapia cognitivo-comportamental, técnicas de relaxamento, como meditação, mindfullness, respiração profunda e massagens, fisioterapia para aliviar a dor e melhorar a mobilidade e educação sobre a doença, o que ajuda a pessoa a entender seus limites e lidar melhor com os sintomas.
Já a medicação pode incluir analgésicos nas crises, relaxantes musculares, antidepressivos e medicamentos anticonvulsivantes, que atuam muitas vezes como moduladores da dor no sistema nervoso e medicações para melhorar o sono, quando necessário. É importante lembrar que nem todos os remédios funcionam da mesma forma e o médico ajusta o tratamento de acordo com cada pessoa.
A Fibromialgia é uma condição crônica, mas com o tratamento certo e mudanças no estilo de vida, é possível levar uma vida ativa e com menos dor. O mais importante é buscar ajuda médica, evitar o isolamento e entender que o apoio de profissionais e de familiares faz toda a diferença.
Se você ou alguém próximo a você sente dores constantes no corpo, cansaço extremo e dificuldade para dormir, vale a pena procurar um médico. O diagnóstico correto é o primeiro passo para recuperar a qualidade de vida.