
Por mais que isso seja corriqueiro, muitas mães sofrem uma profunda tristeza ao experimentar a distância física dos rebentos
Filhos crescem e saem de casa. A vida normal segue assim, mas nem sempre é fácil, especialmente para as mães, que precisam enfrentar sentimentos complexos que envolvem essa nova fase. É a síndrome do ninho vazio, que Thaís Borges entende bem!
Quando os filhos saem de casa: um sonho compartilhado com as mães
Às vésperas do Dia das Mães, a autora de Furei a Bolha, Saia do Automático, Rompa Padrões e Reprograme seu Destino celebra a realização de um sonho compartilhado com sua primogênita: a oportunidade de expandir horizontes e construir novos caminhos.
Quando Thaís olha para sua trajetória, reconhece o quanto sonhos, que um dia pareceram distantes, podem renascer em novas gerações. Mulher preta, nascida na periferia da Zona Norte de São Paulo, ela cresceu acreditando que ter uma casa própria, um carro popular e fazer pequenas viagens já seriam conquistas imensas.
Hora de deixar o ninho

Hoje, ao ver sua filha Esther, de 18 anos, prestes a embarcar para um intercâmbio em San Diego, Califórnia, Thaís enxerga mais do que a realização de um desejo pessoal: vê o ciclo da vida se expandindo, mostrando que sonhos também evoluem com o tempo. “Esse intercâmbio é um sonho nosso. Algo que representa todas as possibilidades que, um dia, eu não tive, mas que agora podemos construir juntas”, diz emocionada.
Thaís fará questão de acompanhar Esther na primeira semana de adaptação, vivendo ao lado da filha os primeiros momentos dessa nova fase. “Poder estar com ela nesse início é um presente, uma oportunidade pela qual sou profundamente grata”, compartilha.
Apesar do coração apertado, a investidora-anjo mantém a serenidade. Incentivadora dessa jornada desde o início, ela acredita que criar filhos é também ensinar a confiar em suas próprias asas para desbravar o mundo. “Dói vê-los partir, mas é uma dor feita de orgulho e esperança”, reflete.
Contato diário será essencial
A tecnologia, com suas chamadas de vídeo, mensagens e registros do dia a dia, será uma aliada importante para manter o vínculo próximo, mesmo à distância. Para Thaís, esses pequenos gestos ajudarão a aquecer o coração e a manter o foco em sua rotina e propósito de vida.
Thaís também acredita que a vivência da independência será transformadora para Esther. Pela primeira vez, a jovem terá a oportunidade de lidar sozinha com os desafios do cotidiano, exercitando coragem, responsabilidade e autoconhecimento. “É na prática, enfrentando as situações reais, que ela vai desenvolver a força que já carrega dentro de si”, comenta a conselheira.
Embora a independência seja essencial, Esther terá uma rede de apoio, ficará hospedada com uma família americana e contará com o suporte de uma amiga de Thaís que vive na cidade. Além disso, foi orientada a buscar acolhimento em grupos locais, seja na universidade, seja em atividades comunitárias.
Para o Dia das Mães, Thaís deixa uma mensagem a quem também vivencia a emoção da distância:
“Somos um ninho, mas também precisamos ser asas. Que o orgulho de ver nossos filhos desbravarem o mundo seja maior do que a saudade. Que celebremos não apenas quem está por perto, mas também quem carrega nossos sonhos e nosso amor pelo mundo afora.”
A transição afeta mãe e filhos
É importante ressaltar que ambos estão num momento de transição: o filho buscando autonomia e independência, e os pais em um momento novo, onde o cuidar prático diário abre espaço para um novo formato de vida. E isso pode ser muito bom, pois é o caminho saudável de desenvolvimento. Mas sabemos que o “ninho vazio” pode gerar sentimentos de tristeza e solidão, como explica a psicóloga Cecília Rocha. “Costumo dar algumas sugestões para que essa fase ocorra da maneira mais tranquila possível”, afirma a profissional.
Dicas para enfrentar o ninho vazio
Ela elencou oito dicas para que pais e filhos enfrentem o ninho vazio de forma mais leve:
- Acolha o sentimento de saudade e de tristeza. Apesar de serem emoções não agradáveis de sentir, essas emoções não são ruins, são sinais de que vocês têm uma ligação profunda de afeto e esse afeto permanecerá.
- Com o tempo e a adaptação a esse período, a tristeza vai dar lugar a satisfação e a alegria em vivenciarem, cada um a sua maneira, essa nova fase da vida.
- Lembre-se sempre: a distância física não significa necessariamente distância emocional
- A aproximação e intimidade emocional deve continuar a ser fomentada e hoje felizmente a tecnologia pode nos ajudar muito com essa questão e contribuir significativamente na diminuição da sensação de distância e solidão.
- Combinem dias e horários na semana para conversarem por vídeo. No dia a dia, mensagens de voz breves também são formas de dividir acontecimentos. Outra coisa que pode ser bem interessante é gravarem passeios e imagens como forma de dividir a experiência vivida
- Agendar almoços ou jantares juntos, de forma digital. Assim, mantem a conversa em dia e criam uma rotina para conexão
- Além da conexão com seu filho, reconecte-se com você! com o filho em intercâmbio é natural você ter mais tempo livre. Aproveite para voltar com aquele hobbie que você tinha que precisou deixar de lado para se dedicar a maternidade. Ou procure algo novo, que você se interesse em conhecer e aprender. Isso pode fazer muito bem para você e deixar os dias mais leves, alegres e preenchidos por novas atividades e pessoas!
- E não esqueça: o intercâmbio é uma excelente oportunidade de crescimento para ambos, mãe e filho!