
A artrose, também conhecida como osteoartrite, é uma das principais causas de dor e limitação de movimento em pessoas acima dos 50 anos
A artrose, também conhecida como osteoartrite, é uma das principais causas de dor e limitação de movimento em pessoas acima dos 50 anos. Caracterizada pelo desgaste progressivo das cartilagens que revestem as articulações, a doença afeta milhões de brasileiros e pode comprometer significativamente a qualidade de vida.
A artrose é uma doença degenerativa que ataca principalmente as cartilagens articulares, causando dor, rigidez e redução da mobilidade. As articulações mais afetadas são joelhos, quadris, mãos, coluna vertebral e pés. Diferentemente da artrite reumatoide, que é uma doença inflamatória, a artrose está relacionada ao “desgaste natural” das articulações ao longo do tempo.
Os riscos da artrose
“A artrose é muitas vezes vista como uma consequência inevitável do envelhecimento, mas isso não é completamente verdade. Existem fatores de risco que podemos controlar e medidas preventivas que fazem toda a diferença”, explica Lucas Amier, fisioterapeuta especialista em ortopedia do Grupo Kalin.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da artrose incluem idade avançada, obesidade, predisposição genética, lesões articulares anteriores, sobrecarga ocupacional e sedentarismo. Embora alguns fatores como idade e genética não possam ser alterados, muitos outros são controláveis.
Os vilões da artrose
O excesso de peso é um dos principais vilões da artrose, especialmente para articulações que suportam o peso corporal, como joelhos e quadris. “Cada quilo a mais representa uma sobrecarga de aproximadamente 4 quilos sobre os joelhos durante a caminhada. Por isso, manter um peso saudável é fundamental tanto para prevenir quanto para retardar a progressão da artrose”, pontua.
Contrariamente ao que muitos pensam, o exercício físico é essencial para a saúde articular. “O movimento adequado nutre a cartilagem e fortalece os músculos ao redor das articulações, proporcionando maior estabilidade e proteção”, destaca o especialista.
Mexer o corpo é essencial
Os exercícios mais recomendados incluem atividades aeróbicas de baixo impacto como caminhada, natação, ciclismo e hidroginástica, além de exercícios de fortalecimento muscular focados nos músculos que sustentam as articulações afetadas, exercícios de flexibilidade com alongamentos e mobilização articular, e exercícios de propriocepção para melhorar o equilíbrio e a coordenação.
Pequenas mudanças no cotidiano podem fazer grande diferença na prevenção da artrose. Especialistas recomendam evitar carregar peso excessivo, usar calçados adequados e confortáveis, manter boa postura corporal, fazer pausas regulares em atividades repetitivas e proteger as articulações durante atividades físicas.
Quando a artrose já está instalada, o tratamento deve ser multidisciplinar e personalizado. “Não existe uma fórmula única para todos os pacientes. O tratamento deve considerar o estágio da doença, as articulações afetadas, a idade do paciente e seu estilo de vida”, explica Lucas.
A fisioterapia ocupa papel central no tratamento da artrose. “Nossa abordagem visa reduzir a dor, melhorar a mobilidade articular, fortalecer a musculatura e ensinar o paciente a conviver melhor com a condição”, detalha o fisioterapeuta. As técnicas mais utilizadas incluem exercícios terapêuticos específicos, mobilização articular manual, eletroterapia para controle da dor, termoterapia com aplicação de calor ou frio, e treino de marcha e atividades funcionais.
As medicações
O tratamento medicamentoso pode incluir analgésicos, anti-inflamatórios e, em alguns casos, injeções intra-articulares de ácido hialurônico ou corticoides. Suplementos como glucosamina e condroitina também podem ser recomendados, embora sua eficácia ainda seja debatida na literatura médica.
“O paciente é o protagonista do seu tratamento. As mudanças no estilo de vida são fundamentais para o
sucesso terapêutico”, “, enfatiza Amier. Isso inclui manutenção de um peso corporal adequado, prática regular de exercícios orientados, adaptações no ambiente doméstico e de trabalho, e uso de dispositivos auxiliares quando necessário, como bengalas e palmilhas ortopédicas.
Mitos atrapalham o tratamento
Existem muitos mitos em torno da artrose que podem prejudicar o tratamento. Ao contrário do que muitos acreditam, pessoas com artrose não apenas podem, mas devem fazer exercícios adequados, que são fundamentais para o tratamento. Embora seja mais comum após os 50 anos, a artrose pode afetar pessoas mais jovens, especialmente após lesões. E diferentemente da crença popular de que não há nada que se possa fazer contra a artrose, existem diversos tratamentos eficazes para controlar os sintomas e retardar a progressão da doença.
É importante procurar ajuda médica ou de um fisioterapeuta – que também é um profissional de primeiro contato, habilitado a diagnosticar e tratar esse tipo de condição – diretamente ao primeiro sinal de dor articular persistente, rigidez matinal prolongada ou limitação de movimento. “O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento podem fazer toda a diferença na evolução da doença”, alerta Lucas Amier.
A pesquisa sobre artrose continua avançando, com novos tratamentos sendo desenvolvidos, incluindo terapias regenerativas, medicamentos específicos para retardar a degradação da cartilagem e técnicas cirúrgicas menos invasivas. “O mais importante é que as pessoas entendam que a artrose não é uma sentença de dor e limitação. Com o tratamento adequado e mudanças no estilo de vida, é possível manter uma vida ativa e com qualidade”, conclui o especialista.