Risco de infarto na menopausa cresce

Os sintomas podem ser silenciosos nas mulheres, é preciso atenção

As doenças cardiovasculares são hoje a principal causa de morte entre mulheres no Brasil e no mundo. Dados do Ministério da Saúde apontam que cerca de 20 mil brasileiras morrem anualmente em decorrência de problemas no coração, como o infarto e o AVC. Sendo o infarto, inclusive, mais letal em mulheres do que em homens.

O risco se agrava, sobretudo, após a menopausa. “Antes da menopausa, as mulheres estão naturalmente mais protegidas pelas ações do estrogênio. Um hormônio que tem efeito protetor sobre os vasos sanguíneos”, explica a Dra. Maria Sanali Paiva- Cardiologista Intervencionista e Diretora de Qualidade Profissional da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI). “Mas com a queda do estrogênio, essa proteção desaparece, e o risco se equipara rapidamente ao dos homens, em alguns casos, até supera.”

Além do declínio hormonal, a fase pós-menopausa traz alterações metabólicas importantes, como ganho de peso abdominal, resistência à insulina e aumento do colesterol ruim (LDL), que contribuem para o acúmulo de placas nas artérias e maior risco de infarto.

O infarto nas mulheres é mais silencioso

Outro agravante, segundo a especialista, é que os sintomas do infarto nas mulheres nem sempre são típicos. Em vez da clássica dor no peito irradiando para o braço esquerdo, muitas relatam náusea, desconforto nas costas ou estômago, fadiga extrema, ansiedade ou até tontura. “Isso pode atrasar o diagnóstico e o início do tratamento, aumentando o risco de complicações graves”, destaca a Dra. Sanali.

O cenário se torna ainda mais preocupante em casos de menopausa precoce (antes dos 40 anos), que eleva o risco cardíaco ainda mais. Por isso, atenção aos sinais – por mais sutis que pareçam, e às medidas de prevenção são essenciais.

Entre os cuidados recomendados estão: manter os níveis de colesterol, glicose e pressão arterial sob controle; adotar uma alimentação equilibrada; praticar atividade física regular; evitar o tabagismo; e fazer consultas cardiológicas periódicas.

“A mulher precisa se ver em risco e não ignorar nenhum sinal do próprio corpo. As doenças cardíacas matam mais do que o câncer de mama, e a informação pode salvar vidas”, reforça a cardiologista.