
Estudo mostrou que a Akkermansia muciniphila diminuiu a insulina em mais de 30%, o que sugere menor acúmulo de gordura corporal
“Presente em até 5% da microbiota intestinal, a Akkermansia muciniphila tem mostrado grande potencial clínico na regulação metabólica”, diz Paula Molari Abdo, farmacêutica bioquímica pela USP e diretora técnica da Formularium.
Segundo a especialista, a baixa proliferação da bactéria no intestino pode favorecer o surgimento de condições como obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica.
Evidências clínicas do probiótico Akkermansia muciniphila
O primeiro teste clínico em humanos com a Akkermansia muciniphila foi publicado na revista Nature Medicine. O estudo acompanhou 32 participantes com pré-diabetes e síndrome metabólica, submetidos a um tratamento diário de três meses com a bactéria (viva, inativada ou placebo) em doses de cerca de 10 bilhões de unidades.
Os resultados mostraram melhora significativa na resposta à insulina, com queda superior a 30% nos níveis em jejum. “Isso indica menor tendência ao acúmulo de gordura e uso mais eficiente da energia”, aponta Paula.
Também houve tendência de redução no peso, na gordura corporal e na circunferência do quadril. “O ambiente metabólico tornou-se mais favorável ao emagrecimento, com menos inflamação, maior saciedade e melhor controle do apetite”, completa a especialista.
Como o probiótico atua na perda de peso e na proteção do organismo
De acordo com Paula Molari Abdo, a Akkermansia muciniphila fortalece a barreira intestinal, reduz inflamações associadas ao acúmulo de gordura e melhora a sensibilidade à insulina. Isso facilita o controle do apetite e da glicemia.
Além disso, ao reduzir a permeabilidade do intestino, a bactéria evita a entrada de toxinas que provocam inflamações silenciosas relacionadas à obesidade, resistência à insulina e doenças cardiovasculares.
Indicações do uso do Akkermansia muciniphila
Os especialistas indicam a suplementação para pessoas com desequilíbrios metabólicos, como resistência à insulina, gordura no fígado, colesterol elevado, sobrepeso, obesidade ou inflamações intestinais.
A especialista ressalta que a Akkermansia muciniphila também pode ser útil em planos de emagrecimento de pacientes que não respondem apenas à mudança alimentar. “A bactéria estimula a liberação de hormônios ligados à saciedade, como o GLP-1, aumentando a queima de gordura por meio da termogênese”, explica.
Como estimular a proliferação natural do probiótico no intestino
Quando há necessidade de aumentar os níveis da Akkermansia muciniphila, é possível recorrer tanto à alimentação quanto à suplementação.
- Na dieta: incluir polifenóis (presentes em frutas vermelhas, chá verde e cacau puro) e fibras prebióticas (aveia, linhaça, alho-poró, alcachofra, aspargo e banana verde).
- Na suplementação: usar cápsulas gastrorresistentes com a bactéria liofilizada, sachês orais ou formulações manipuladas sob orientação médica.
- Combinados: fibras prebióticas e polifenóis podem ser manipulados como estratégia adicional para estimular sua ação.
“Essas medidas contribuem para um ambiente intestinal mais equilibrado e funcional”, reforça Paula.
Testes genéticos e bioterapia personalizada
Hoje já existem exames capazes de analisar a microbiota intestinal e verificar o equilíbrio da Akkermansia muciniphila.
“Esses testes identificam disfunções importantes e ajudam a definir a necessidade de uma bioterapia personalizada, especialmente em quadros crônicos ou de difícil resposta clínica”, conclui Paula Molari Abdo.