Magnésio ajuda a dormir melhor? Tire 6 dúvidas comuns Photo of exhausted sleepy dark skinned young African American woman yawns and covers mouth with hand dressed in pajama isolated over blue studio background has insomnia problems. Sleepover party.

Dormir bem é essencial para a saúde física e mental, mas nem sempre é fácil ter noites tranquilas. Uma pesquisa publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) revelou que mais de 60% dos adultos costumam dormir mal e menos tempo do que deveriam. A boa notícia é que nos últimos anos, um mineral tem ganhado destaque como aliado natural para melhorar a qualidade do sono: o magnésio. Mas afinal, o que há de tão especial nesse nutriente?

Com base em estudos, Paula Molari Abdo, farmacêutica bioquímica pela USP, diretora técnica da Formularium e membro da ANFARMAG (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais); explica como o magnésio atua no organismo, quem realmente se beneficia com a suplementação e por que ele não substitui bons hábitos de vida.

O que é e por que ele é essencial ao organismo

De acordo com um artigo da Harvard Health Publishing, o magnésio é um mineral que participa de mais de 300 reações bioquímicas — da produção de energia à regulação dos músculos, do sistema nervoso, da glicemia e da pressão arterial.

Segundo Paula Molari Abdo, ele também está envolvido na síntese de neurotransmissores, como a serotonina e o GABA, essenciais para o equilíbrio emocional e o sono.

“Como o corpo não produz magnésio, precisamos obtê-lo por meio da alimentação ou, em alguns casos, com suplementação”.

Como o magnésio favorece o sono

O mineral atua de forma integrada no processo de indução e manutenção do sono. “Além de aumentar neurotransmissores que equilibram o sistema nervoso, ele reduz o cortisol (hormônio do estresse) e participa da produção da melatonina, o hormônio que sinaliza ao organismo a hora de dormir.”

Segundo a especialista em Atenção Farmacêutica pela USP e membro da SBRAFH (Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar); pessoas com insônia leve poderão ter menos despertares noturnos e mais tempo de sono profundo e restaurador. 

Magnésio e melatonina: qual a diferença

Embora muitas vezes usados para o mesmo fim, magnésio e melatonina têm funções distintas.

“A melatonina age como um ‘gatilho’ que regula o início do sono, ideal para ajustar o relógio biológico, como em casos de jet lag ou mudanças de turno”, diz Paula Abdo.

Já o magnésio atua mais amplamente, promovendo o relaxamento muscular e neurológico, e contribuindo para a qualidade do sono como um todo.

Quem se beneficia com a suplementação

A suplementação tende a ser mais eficaz em pessoas com deficiência de magnésio (mesmo que leve ou subclínica) e em perfis com maior demanda, como idosos, gestantes e pessoas com insônia leve, estresse ou fadiga.

Tipos de magnésio e como escolher

Segundo Paula Molari, as opções mais indicadas para o sono são:

  • Magnésio glicinato: tem efeito calmante e é bem tolerado pelo sistema digestivo.
  • Magnésio TREONATO: penetra com mais facilidade no cérebro e melhora aspectos cognitivos e de sono profundo.
  • Magnésio dimalato: indicado para pessoas com fadiga ou sono pouco reparador.
  • Magnésio citrato: possui boa absorção, mas pode ter efeito laxativo em algumas pessoas.

O tipo de magnésio e a dose indicada (geralmente entre 200 e 350 mg) dependem das necessidades de cada indivíduo.

“O uso do magnésio sem acompanhamento médico pode causar reações como diarreia, náuseas, tontura e, em casos mais graves, arritmias. A suplementação também é contraindicada para pessoas com insuficiência renal”, alerta Paula.

Hábitos saudáveis: a base do sono reparador

A ação do magnésio é mais efetiva quando associada a uma rotina de sono regular. Entre os comportamentos que potencializam seus efeitos estão:

  • Dormir e acordar em horários regulares
  • Reduzir cafeína e álcool à noite
  • Evitar luz azul de telas antes de dormir
  • Criar um ambiente escuro e silencioso no quarto
  • Adotar práticas de relaxamento, como meditação ou respiração profunda

“Além disso, o magnésio pode (e deve) ser obtido também pela alimentação. Ele está presente em sementes, oleaginosas, vegetais verde-escuros, grãos integrais, leguminosas, derivados de soja, cacau e peixes.”

Por fim, a farmacêutica ressalta que o magnésio é um mineral essencial e seguro quando bem indicado, mas seu uso não deve ser genérico.

“Vale lembrar que distúrbios do sono mais complexos, como apneia ou insônia crônica, exigem terapias especializadas. Nestes casos, o magnésio pode ser um coadjuvante, mas seus efeitos são limitados e não substituem tratamentos médicos mais aprofundados”, finaliza Paula Molari Adbo.