Você é do tipo que topa tudo pelo corpo perfeito? Saiba que pode estar colocando a sua saúde em risco!

Viver num mundo onde a estética é hipervalorizada não é fácil. Principalmente entre mulheres, a imposição pelo tal corpo perfeito atinge em cheio e, infelizmente, cada vez mais cedo. Em 2023, um estudo elaborado pela Universidad de Castilla-La Mancha, na Espanha, trouxe à tona uma estatística assustadora. Nos últimos 23 anos, cerca de 20% de crianças e jovens entre 6 e 18 anos apresentaram algum tipo de transtorno alimentar, como anorexia e bulimia. O grupo de pesquisadores analisou dados de diversos países, inclusive do Brasil, para chegar a essa conclusão. E, com uma incidência de transtornos alimentares tão alta, um dos sintomas que passam despercebidos são justamente elas: as dietas restritivas, popularmente conhecidas como dietas radicais.

“Muitas pessoas buscam soluções rápidas para se enquadrar em padrões de beleza. São vítimas de baixa autoestima e buscam aceitação social. Redes sociais ou eventos específicos, como casamento, formatura, viagem, ou mesmo a pressão estética em profissões que valorizam a aparência, podem ser o elemento motivador para a adoção de uma dieta restritiva”, alerta a nutricionista Cynthia Zattera.

As falas aliadas

A prática de uma alimentação balanceada e de exercícios físicos é importante para a manutenção da saúde física, mental. E pode até ajudar no desenvolvimento de habilidades de socialização e hobbies. Isso é o que os especialistas apontam, mas sabe-se que muitas vezes, a motivação por uma vida saudável é consequência da briga com a balança. Claro que se sentir bem com o próprio corpo e ter como meta esse bem-estar é ótimo. Mas, pela própria segurança, é essencial entender que uma rotina saudável não deve trazer como resultado apenas um corpo esbelto.

A nutricionista é taxativa: “O mais importante para uma dieta não é só perder peso rapidamente, mas sim garantir a ingestão adequada de nutrientes. Não se resume a comer em pouca quantidade. Ou contando calorias, cortando alimentos, como carboidratos ou açúcar, sem se preocupar com a dificuldade de se manter essa decisão a longo prazo. Ou meramente substituindo refeições por suplementos”.

O mais importante em uma dieta, ela explica, é garantir a adoção de hábitos alimentares mais conscientes, já que perda de peso é coisa séria, e deve ser feita de maneira gradual.

Mas quais são os riscos das dietas restritivas, afinal?

Ao apelar para dietas restritivas, no melhor dos casos, a pessoa não consegue manter os resultados e acaba sofrendo o famoso efeito sanfona: quando não consegue estabilizar o próprio peso. Mas há riscos muito mais graves envolvidos, já que as dietas restritivas podem ser a porta de entrada para o início de um transtorno alimentar.

“Além disso, há risco de deficiências nutricionais, desregulações metabólicas e hormonais, perda excessiva de massa muscular, problemas digestivos, entre outras doenças. Fora os efeitos psicológicos, como obsessão pela comida, sensação de culpa e vergonha, falta de percepção dos sinais de fome e saciedade, e até perda do prazer na alimentação.”

Um dos sinais de que uma dieta não está funcionando é justamente a dificuldade de mantê-la por um longo período. Além de cansaço, fadiga, desidratação, diarreia ou constipação, e alterações de humor. “Caso haja dúvidas, sempre busque um profissional nutricionista, que fará um planejamento nutricional de acordo com as necessidades individuais”, finaliza.

“A alternativa saudável à dietas restritivas é uma alimentação equilibrada, com comida de verdade, minimamente processada e sem excluir nenhum grupo alimentar.”