Manspreading, prática dos homens em se sentar com as pernas abertas é uma forma de opressão e abuso contra mulheres, e deve ser combatida!
Imagine a seguinte cena: você está sentada no banco do ônibus ou metrô, indo para o trabalho. Em certo momento, um homem embarca e se senta ao seu lado com as pernas abertas, ocupando também o espaço do seu assento. Não é difícil imaginar esse tipo de situação, pois muitas a vivem diariamente. Mas esse ato é machista e tem nome: manspreading.
Manspreading não é apenas uma deselegância
Num primeiro momento, “esparramar-se” pelos assentos pode soar como algo deselegante ou apenas distraído, mas o manspreading é pior do que parece. Para Andrea Peres, advogada e especialista em Direito das Mulheres, Violência Doméstica e Crimes contra a Mulher, este hábito é misógino e está no inconsciente coletivo dos homens: “Eles entendem que as mulheres não são dignas de respeito ao considerar que o compartilhamento do espaço público não passa por elas, uma vez que, para a sociedade patriarcal, nem deveríamos estar naquele lugar. Para eles, as mulheres deveriam estar em casa, ocupadas em cuidar dos afazeres domésticos”.
Em outras palavras, o desconforto dos corpos femininos, que trabalham à exaustão, deve dar lugar ao conforto daqueles que insistem em diminuir as mulheres, mesmo que não saibam disso.
Não é bobagem!
A advogada pontua que algumas pessoas podem pensar que o manspreading não passa de uma paranoia. Entretanto, “a ordem patriarcal nem sempre opera de uma forma fixa, visível, perceptível e vulgar. Ao longo dos séculos, ela torna-se cada vez mais sofisticada, discreta e, ao mesmo tempo, psicologicamente mais violenta”, ressalta.
Pode piorar
Para Andrea, o manspreading de hoje pode se tornar o abuso de amanhã, caso esta prática continue a se naturalizar. “Aí não adianta mais. É no gesto onde ocorrem as formas de violência mais letais contra nós, pois são quase imperceptíveis, atingem em cheio a nossa dignidade e nossa saúde mental”, comenta.
Para combater esta prática, a advogada recomenda que as empresas de transporte façam a conscientização dos usuários, inserindo cartazes e avisos nos veículos. Caso o manspreading venha acompanhado de comportamentos assediadores, as vítimas podem fazer uma denúncia, seja uma queixa formal ou uma postagem nas redes sociais.