Jovens estão cada vez mais interessados em cuidados com a pele, mas é preciso dosar interesse e obsessão

Uma breve ida ao feed do Tik Tok ou reels e lá estão: dezenas de vídeos sobre produtos para a pele, skincare e dicas e mais dicas dermatológicas, produzidas pensando em atingir um público jovem e cada vez mais interessado em conteúdos de beleza. O fenômeno chamado de Sephora Kids por alguns especialistas e infelizmente, não é um bom sinal. “Adolescentes e até mesmo as crianças estão cada vez mais interessados em tratamentos anti-idade, devido a uma série de fatores. Um deles é a influência da mídia e das redes sociais, que exibem padrões de beleza inatingíveis e idealizados. A pressão social faz os jovens se preocuparem demais com a aparência, o que pode desenvolver problemas de saúde”, alerta a dermatologista Nicolly Machado.

Padrões perigosos

Ao invés de focar em uma rotina de cuidados para proteger a pele, muitos desses jovens embarcam em uma obsessão por beleza e juventude. “Alguns sinais para identificar quando se tornou prejudicial são a obsessão com a aparência, baixa autoestima, isolamento social e comportamentos alimentares inadequados”, explica Nicolly.

Com isso, muitos desenvolvem uma péssima relação com a própria imagem, o que é rota de colisão para uma série de tratamentos estéticos desnecessários e até perigosos para pessoas mais jovens. Para piorar, a pele de adolescentes e crianças não está desenvolvida como a de um adulto, e o uso de produtos incorretos pode agravar doenças. “A pele dos jovens é mais sensível e facilmente irritada por produtos agressivos. Além disso, o uso precoce de produtos de skincare e toxina botulínica em faixas etárias jovens pode interferir no desenvolvimento natural da pele e causar danos a longo prazo. É essencial que os jovens utilizem produtos adequados à sua idade sob a supervisão de um profissional de saúde”, orienta a especialista.

Orientar para proteger

A legislação brasileira e a Sociedade Brasileira de Dermatologia têm algumas orientações específicas sobre o assunto. “É proibido o uso de tratamentos estéticos invasivos em menores de 18 anos, como a toxina botulínica. A Sociedade também recomenda que tratamentos estéticos sejam realizados apenas sob a supervisão de um médico dermatologista, com critérios bem estabelecidos”, aponta Nicolly.

A profissional pontua que é fundamental ensinar aos jovens que a pele é um órgão importantíssimo não apenas por questões estéticas, mas também pela saúde, e, para isso, o engajamento de pais e educadores é essencial. ”Para conscientizar, os pais e professores podem começar conversando abertamente sobre os padrões de beleza irrealistas e a importância do amor próprio e da autoaceitação. É importante promover uma cultura de aceitação e valorização da diversidade de corpos e aparências”, afirma.

Cuidados (adequados) para a pele na juventude

Há cuidados que são essenciais desde sempre. “Isso inclui manter a pele limpa e hidratada, usar protetor solar diariamente, evitar exposição excessiva ao sol, manter uma dieta equilibrada e beber bastante água”, aconselha a dermatologista.

Além disso, ela complementa que é importante ensinar a não compartilhar produtos de skincare e de não utilizar produtos vencidos.